A política em Quijingue vive dias turbulentos. Menos de seis meses após tomar posse como prefeito, Romerinho Rocha (Avante) já se vê distante de seu maior aliado político: o ex-prefeito Nininho Góis, de quem foi vice por oito anos. A relação entre os dois, antes marcada por confiança e continuidade, parece ter chegado ao fim.
O distanciamento, que vinha sendo especulado desde o final das eleições de 2024, ganhou contornos mais nítidos nos últimos dias. No último domingo, 23 de junho, durante os festejos de São João, Nininho foi fotografado ao lado de amigos na casa do principal líder da oposição em Quijingue, Saulo da Arena (PT), que foi seu adversário nas urnas e obteve expressivos 41,82% dos votos válidos (7.208 votos) na última eleição. As imagens foram divulgadas nas redes sociais de Saulo e repercutiram fortemente no cenário político local.
A presença do ex-prefeito ao lado da oposição reforça os rumores de seu rompimento definitivo com o governo atual. A situação é simbólica e representa um desfalque político significativo para a base governista. Nininho, conhecido por sua atuação firme e pelo compromisso com a palavra dada — como dizem muitos em Quijingue, “se Nininho deu a palavra, é o mesmo que prego batido e ponta virada” —, agora parece caminhar em outra direção.
Desde janeiro, quando Romerinho assumiu a prefeitura, os sinais de crise se intensificaram. Logo nos primeiros dias de governo, a gestão enfrentou protestos de servidores municipais devido ao não pagamento dos salários de dezembro, último mês da administração de Nininho. O novo prefeito alegou falta de recursos para arcar com a folha de pagamento atrasada, o que causou forte desgaste político.
Além disso, Romerinho chegou a acionar judicialmente seu antecessor, alegando irregularidades na transição. O episódio culminou em uma entrevista polêmica do atual prefeito em uma rádio local, na qual afirmou que herdou um município em “situação de caos”, crítica direta à gestão de Nininho — o mesmo que lhe abriu as portas da vida pública e foi seu maior apoiador.
Fontes próximas afirmam que, desde a eleição, Nininho tentou contato com Romerinho em diversas ocasiões, mas não teve retorno. “Ele já ligou várias vezes e nunca foi atendido nem teve retorno”, relata um aliado.
Outro sinal do afastamento foi o pedido de exoneração, em 30 de maio, de Ariadna Góis, esposa de Nininho, que ocupava o cargo de secretária de Governo. A saída dela da gestão municipal consolidou a percepção de que a aliança está desfeita.
Diante dos últimos acontecimentos, o cenário político em Quijingue segue indefinido, mas o que parece claro é que a crise entre os dois líderes, antes aliados, está instalada — e pode mudar os rumos da administração municipal e das eleições futuras.