A dor da família de Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, brutalmente assassinada após se recusar a sair com um traficante de um baile funk na comunidade da Coreia, em Senador Camará, Zona Oeste do Rio, foi agravada por mais um detalhe cruel: o corpo da jovem chegou desfigurado ao Instituto Médico-Legal (IML). Para que o velório pudesse acontecer com o caixão aberto, nesta quarta-feira, 21, os parentes tiveram que pagar cerca de R$ 2 mil para reconstruir o rosto dela.
“Até para abrir o caixão foi horrível. Eles a deixaram irreconhecível. Além do espancamento, ainda teve o estupro. A menina era uma princesa, parecia uma boneca. Mesmo com todo o trabalho do IML, ela continuava desfigurada. Eles acham que são donos de todas as pessoas da comunidade”, contou uma tia de Sther.
O crime aconteceu na madrugada de domingo. Segundo a investigação, Sther foi espancada e estuprada por dois homens a mando de Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, apontado como chefe do tráfico na Coreia. Ela teria sido torturada após recusar um convite do criminoso para deixar o baile. O corpo foi abandonado na porta de casa, na Vila Aliança. Sther chegou a ser levada para o Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo, onde acabou morrendo.
‘Não é não’
Durante o velório, realizado no Cemitério Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte, a irmã da vítima fez um desabafo emocionado: “Ela falou que não queria. Não é não, seu estuprador. Você ceifou a vida da minha irmã. Olha o que fizeram com ela, cheia de vida. Vou ter que falar para os seus sobrinhos, irmã, que a titia não vem mais”.
A mãe da jovem, Carina Couto, também pediu justiça e relatou a angústia da noite do crime: “Ninguém tinha o direito de tirar a vida da minha filha. Lutem por justiça por ela. Eu não dormi naquela noite, fiquei ansiosa porque ela não chegava”.
Sonhos interrompidos
Parentes lembram que Sther vivia uma fase de conquistas. Trabalhava, estudava, já tinha uma casa em seu nome e havia iniciado o processo para tirar a carteira de habilitação. O próximo passo seria se mudar para um novo apartamento.”Ela tinha tantos sonhos. Tiraram a vida dela de uma forma covarde. Não dá para acreditar que se foi desse jeito” disse um primo, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Família ameaçada
Além da dor, a família afirma que está sendo ameaçada pelo traficante Coronel. “Não abandonem a causa da Sther. A família está com muito medo nesse momento,” disse a tia da jovem.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o assassinato. De acordo coma polícia, Coronel acumula anotações criminais por tráfico de drogas, roubo, homicídio, porte ilegal de arma de uso restrito e formação de quadrilha. Integrante do Terceiro Comando Puro (TCP), ele é apontado como frequentador de bailes funk — além da Coreia, frequenta eventos do tipo ainda na Vila Aliança, também na Zona Oeste. Os dois territórios são dominados pela facção criminosa.
Fonte: O Globo