A ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR-PR), Luiza Bairros, recebeu na tarde desta quinta-feira (28), na Assembleia Legislativa da Bahia o título de Cidadã Baiana.
O título foi concedido à ministra, de acordo com a proposta da deputada Estadual Fátima Nunes (PT), em virtude de sua atuação a favor da promoção da igualdade racial no Estado da Bahia.
Em defesa da entrega da honraria, a deputada petista destacou sua acentuada dedicação no combate ao racismo, especialmente, numa cidade de diáspora social violenta, onde a negritude é alvo das discriminações e a ministra tem um papel fundamental como agente social de transformação e na construção de uma civilização fraterna e solidária. “Luiza Helena é uma mulher que veio jovem para a Bahia e desenvolveu muitos trabalhos em benefício da nossa população”, afirmou Fátima a respeito da sua homenageada.
A parlamentar lembrou a sua origem, ou seja, das suas raízes no campo e contou que foi difícil sua caminhada, pois não tem história politica. Fátima relatou um pouco da história de Luiza Helena, natural de Porto Alegre (RS), nasceu em 27 de março de 1953, filha do militar Carlos Silveira de Bairros e da dona de casa Celina Maria de Bairros, sempre demonstrou interesse pela militância estudantil, participando de grêmios no colégio e diretórios acadêmicos nas universidades, evidenciando, desde cedo, que adotaria posição de luta e decisão política frente às desigualdades. Em 1979, participou da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza, onde conheceu o Movimento Negro Unificado da Bahia (MNU) e resolveu se mudar para a capital baiana e começar a sua trajetória contra a discriminação racial.
Possuidora de uma qualificada formação acadêmica, sendo bacharel em administração pública e administração de empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1975), Luiza é especialista em planejamento regional pela Universidade Federal do Ceará (1979), mestre em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e doutora em sociologia pela Michigan State University, em 1997 e participou da coordenação da pesquisa do projeto Raça e Democracia nas Américas: Brasil e Estados Unidos, um projeto relevante contra a discriminação racial.Além disso, lecionou na Universidade Católica do Salvador e na Universidade Federal da Bahia, entre outras, e ajudou a coordenar diversos eventos a favor do combate ao racismo.
Entre os anos de 2001 e 2003, atuou no programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), na preparação e acompanhamento da III Conferência Mundial Contra o Racismo. Também cuidou da relação entre as agências internacionais com o governo e a sociedade civil. E, de 2003 a 2005, trabalhou no Ministério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional (DFID), na pré implementação do Programa de Combate ao Racismo Institucional para os Estados de Pernambuco e Bahia.
Antes de ser convidada pela presidente Dilma Rousseff para fazer parte do seu ministério, a socióloga ocupava o cargo de secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial da Bahia, no governo Jaques Wagner, desde 2008. Para a deputada Fátima Nunes, a ministra é dona de uma trajetória respeitável e personalidade de destaque no cenário nacional pela sua luta em prol do movimento negro.
Nas últimas décadas, esteve na liderança de diversas iniciativas de afirmação da identidade negra na sociedade brasileira, sendo estudiosa de políticas públicas para a população afrodescendente e ativista na luta pela superação do racismo e sexíssimo, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária. “Luiza representa essa força da nova mulher que atua, é militante e transforma a sociedade. Mulher e negra, um resgate histórico para a Bahia”, finalizou a parlamentar, ressaltando que a concessão formal do título de “baiana” é mais uma forma de reconhecer o significativo serviço prestado à Bahia por alguém que, sem dúvida, escolheu ser baiana por opção e de coração.
A ministra falou de sua alegria em receber o titulo de cidadã da terra que ela escolheu para viver. “Estou sendo homenageada agora porque cada um mim acolheu dentro de um grupo que contribuir de algum forma”, externou Luiza Bairros.
A mãe da deputada Fátima Nunes, Maria Oliveira, entregou um boquê de flores a ministra.
Presença de Bule Bule – O repentista Antônio Ribeiro da Conceição, conhecido pelo pseudônimo e nome artístico de Bule-Bule, abriu a sessão com repente homenageando a ministra. Autor de obras de cordel, Bule-Bule é considerado um mantenedor das tradições musicais sertanejas da Bahia, como do samba sertanejo, do coco e outros ritmos típicos que sua ascendência africana fizeram desde cedo conviver, arrancou aplauso dos presentes.
Da redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas