O líder do movimento negro de Conceição do Coité e um dos fundadores da Associação Revolution Reggae, Alexandre Nascimento, mais conhecido por Xandy do Revolution, ele que foi nomeado pelo prefeito Francisco de Assis (PT) para assumir o Departamento de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – DPPIR no Município de Conceição do Coité, criticou a grande parte da população coiteense que ele classifica como racista e preconceituosa.
No ato da passeata que aconteceu na tarde desta quarta-feira, 20, Dia Nacional da Consciência Negra, em pleno centro comercial ele pediu igualdade na hora que o cliente negro chegar no balcão para comprar. “Coité é racista e preconceituoso, isso precisa acabar, a mentalidade das pessoas deve mudar, deixem de olhar desconfiado de pé a cabeça para o negro ou pobre da periferia, o dinheiro dele não é diferente do branco e rico”, protestou Xandy.
O líder negro disse ainda que basta cada um prestar atenção e ver que no mercado de trabalho as contratações acontecem e a preferência é sempre pelos brancos.” A gente pode concluir que o negro sofre nos dois lados do balcão, na hora da compra sofre preconceito do vendedor que para ‘tirar o cliente de tempo’ diz que aquela mercadoria é cara, sem saber se o interessado está preocupado com isso. Do outro lado do balcão seria ele (o negro) vendedor, mas isso raramente acontece”, lamentou Xandy.
Alexandre disse ainda que outro fato triste é o numero de jovens assassinados no município e a maioria preto e pobre. Ao final do ato avaliou como positivo, pois segundo ele o grito de África ecoou em Coité.
A secretária de Educação do Município Perpétua Sampaio que acompanhou a passeata pelo centro da cidade, cuja atividade faz parte da programação da Semana Negra iniciada na última segunda-feira, com palestras no Centro Cultural, disse que o país hoje conta com leis bastante modernas, “mas temos pessoas com consciência ainda deturpadas, construída de forma errada historicamente, e precisamos ainda gritar muito, não só no dia 20 de novembro. Estamos planejado a continuidade de ações que lembre todo dia as pessoas que não somos cidadãos de acordo com a cor da pele, que não é mais admissível nos dias de hoje, que a gente aceite que mais de 3 milhões de crianças estejam fora da escola e que mais de 50% dessas crianças sejam negras, porque continuamos a negar os direitos a população negra como se não fossem cidadãs. Essa nossa divida histórica precisa ser combatida todo santo dia nos nosso lares, no comercio, nas praças, em todos os lugares onde convivemos juntos como irmãos”, conclamou a secretária.
A passeata reuniu centenas de estudantes e professores da rede municipal além de pessoas que são vítimas do preconceito, antes assistiram a uma palestra – Consciência Negra do Sisal: Memoria – Luta e Resistência, em seguida, por volta das 15h30 ao som do Batuque Social sob a liderança de Ramon Silva, Vizek e o sociólogo e poeta Fredson Costa no mine trio, levaram a música com o repertório voltado para a negritude parou no largo do Mercado Municipal onde deram gritos de liberdade, em seguida percorreram todo comercio com parada e na oportunidade os lideres do movimento fizeram uso do microfone para tentar conscientizar as pessoas que o negro não pode ser lembrado em tudo que acontece de ruim.O trânsito ficou lento naquele momento.
A passeata terminou onde começou, ou seja em frente ao centro cultural, aonde continua as palestras e debates da I Semana Negra de Coité. O tema para esta noite: Religiosidade: A Construção e Valorização das Religiões de Matriz Africanas e Afro Brasileira, com a palestrante Valquiria Lima.( Click e veja o que já aconteceu e o que está para acontecer nesta semana negra)
A I Semana Negra de Coité tem realização da Prefeitura Municipal através das Secretarias de Assistência e Desenvolvimento Social,Departamento de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Secretaria de Educação Cultura e Esporte.
Raimundo Mascarenhas