Uma ação solidária e demonstração de amor ao próximo foi visto em Conceição do Coité com o tratamento dado ao cidadão Mauro de Freitas Junior, 33 anos, morador da cidade de Cotia – SP, que estava vivendo nas ruas de Coité, dormindo ao relento e entregue ao alcoolismo. Ele passou por maus momentos tendo sido vítima de assalto, espancamento, da fome e do frio das noites mau dormidas no piso do terminal rodoviário.
Mas o bom comportamento dele chamou a atenção das pessoas que vivem ou trabalham naquelas imediações, que acionaram o psicólogo do Centro de Referência da Assistência Social – CRAS bairro Nova Esperança, Wilson Reis, que o acolheu e iniciou o tratamento e busca de alojamento para Mauro, com a parceria do CREAS e com apoio da prefeitura municipal realizou o desejo do mesmo de voltar pra casa, e isto aconteceu às 18h30 de terça-feira,25, quando deixou a cidade emocionado e agradecendo a todos pela atenção recebida.
Antes do embarque, Mauro disse ao CN que sua profissão é operador de retroescavadeira e veio a Conceição do Coité, não pela primeira vez, pois tinha um amigo morador da região do distrito de Salgadália, que também trabalhava de operador, e se conheceram em Senhor do Bonfim, onde ele (Mauro) teve um relacionamento com uma mulher e nasceu uma filha, isto, segundo ele, fez com que passasse a frequentar mais o distrito, pois dizia estar mais perto de Senhor do Bonfim, que possibilitaria sua visita a filha. Nas idas e vindas segundo ele, foram aproximadamente 6 anos.
Só que esta última visita foi o pior momento de sua vida, poucos dias após chegar ao Distrito de Salgadália, o grande amigo de prenome Wilson, 39 anos, morreu vítima de infarto.” Aquilo me abateu muito, pois na noite anterior a gente conversava e na madrugada uma irmã dele me chamava para levar ao hospital, pois ele passava mal, levamos até o pronto socorro, mas infelizmente nada pode se fazer. Sai de Salgadália e vim comprar a passagem para retornar para São Paulo, só que comecei a beber, aliás, tenho um problema sério com alcoolismo, quando inicio chego a passar mais de dez dias, e isso fiz aqui em Coité, nesse período dormi no relento, fui assaltado, espancado, e passei a pedir dinheiro nas ruas para fazer uso do álcool”, disse o paulista.
Ele embarcou dizendo que sofreu a perda do amigo, mas foi superado com o carinho recebido dos coiteenses, de modo especial funcionários dos guichês da rodoviária, comerciantes vizinhos ao terminal, os psicólogos Wilson Reis, Amanda Boaventura e Amélia Sampaio, e do prefeito Assis.
Drama vivido por Mauro contado por Wilson Reis
Com toda a bagagem, incluindo os documentos pessoais e de sua vida profissional, documentos de imóvel, de veículo, de filha, currículo, perdeu a passagem enquanto perambulava pelas ruas, e automaticamente perdeu o ônibus e depois toda pasta com documentos.Mas foi encontrada, perdeu mais uma, duas vezes, e sempre alguém encontrava e um morador resolveu deixar guardada para evitar o desaparecimento definitivo.
Passou a dormir no chão da rodoviária e foi assaltado numa madrugada. Levaram carteira com R$ 190, que seria usado para despesas na estrada. Recusava alimentos ofertados pelos comerciantes locais.
“A situação foi passada para mim, coordenador do CRAS Nova Esperança (Matadouro) de Coité, que imediatamente, acolhemos, e também sendo psicólogo do CAPS álcool e outras drogas de Serrinha/Ba, decidimos levar Mauro para o Centro de Recuperação Nova Jerusalém onde foi prontamente atendido por Dona Tereza. Tentamos contato com a família, que se negou em qualquer ajuda. Então decidi com o CREAS de Coité, assumir tudo o que fosse necessário. Assim, se passaram 7 dias… Monitorando e apoiando todas as evoluções e necessidades dia e noite, Sábado e domingo. Até que Mauro não quis mais ficar no Centro. Pediu para ir para Salgadalia, como já havíamos medicado e estava sóbrio, em desintoxicação, consciente, obviamente tivemos que aceitar sua decisão. Conseguimos um carro da prefeitura no domingo e fomos levar Mauro para Salgadália, sendo acolhido pela irmã de Wilson (amigo falecido) a dona de casa Lurdinha. Mas sentindo a necessidade dele em voltar pra casa, mesmo sendo bem acolhido por todos que o conheceram, passado alguns dias, depois de encontrado tudo o que perdeu, inclusive a passagem, Amanda Boaventura conseguiu com a Gontijo revalidar a passagem depois de pagar uma multa. Felizmente podemos dizer que a união de solidariedade de assistência social de Coité cumpriu mais um importante papel”, finalizou Wilson Reis.
Esta não foi a primeira vez que o CRAS cuidou de pessoas que necessitava de atenção, em 21 de julho de 2013, a família de um mendigo que perambulava em Coité, foi localizada em Aracaju e a equipe do Centro de Referência foi levá-lo. VEJA
Redação CN