Com muita disposição, depois de muitas horas de viagem e caminhar sob o sol escaldante da Praça Concha Acústica, em Petrolina (Catedral), seguindo pela Ponte Presidente Dutra até a Orla de Juazeiro, aproximadamente 20 mil pessoas de todo o Semiárido brasileiro, mobilizados pela Articulação do Semiárido (ASA), gritavam pela manutenção das políticas em defesa de políticas públicas voltadas para o nordeste.
Dos territórios Portal do Sertão, Sisal e Jacuípe, 20 ônibus foram fretados pelas entidades que defendem as politicas publicas do semiárido e o líder sindical, diretor financeiro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riachão do Jacuípe, no território do Jacuípe, Teodomiro Paulo, falou ao CN que o movimento, dentre tantos objetivos, um deles, talvez o maior, na opinião dele, era chamar atenção do governo para manter as ações de Convivência com o Semiárido. “Aqui estão pessoas vindas do Piauí, Ceará, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Maranhão, Rio Grande do Norte e Minas Gerais e queremos reafirmar junto ao governo e a sociedade a necessidade de manutenção e ampliação dos investimentos públicos nas ações de Convivência com o Semiárido”, concluiu.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riachão, João Batista, falou que esses programas sociais que vem contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e caso os cortes ocorram elas serão prejudicadas e os agricultores familiares merecem atenção, “afinal eles não dão prejuízo, são trabalhadores guerreiros e merecem respeito”, falou João Batista. Durante todo ato manteve atento em frente ao palanque, apesar do sol forte.
O diretor de educação e formação da FETRAF e secretário de luta pela terra de Campo Formoso, Juvaldino Nascimento da Silva, acredita que estas ameaças de cortes nos recursos veiculados aos projetos sociais será um golpe da direita política para enfraquecer o governo do partido dos trabalhadores e consequentemente os trabalhadores “e com isso enfraquece o governo e a população tem que acordar para isso, pois é um golpe que a direita quer aplicar”, concluiu.
Além da FETRAF, participaram representantes CODES, CONSISAL, dos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Pequenos Agricultores (MPA), Levante Popular da Juventude, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e FATRES, que foi representada pelo vice-presidente João Nilton Ferreira de Santana. Pité, como é conhecido, disse ao CN que esse foi o maior ato dos últimos anos, perdendo apenas para o de apoio a Dilma a pouco mais de um ano, em Petrolina.
Na sua opinião, irá contribuir para alcançar os objetivos esperados, pois teme que os cortes ocorram e lembrou a situação da seca no Semiárido brasileiro há décadas atrás onde morriam de pessoas por sede e fome. “Essa mudou com ações e programas sociais como o Água para Todos e o Bolsa Família, portanto só andaremos para frente. Para trás, nenhum passo”, falou Piter.
Como exemplo desde prejuízo, só pela FATRES, são atendidos 9.000 trabalhadores com assistência técnica e tiver corte, principalmente no programa ATER, eles e milhares de agricultores que são atendidos por outras entidades vão ficar sem atendimento.
Para a secretária geral do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadora Rural de Santaluz, no território do Sisal, Gileilda Pereira Costa, as pessoas que participaram do evento foram aquela que saíram da miséria e da indigência e hoje a região é reconhecida por sua beleza, resiliência, alta capacidade de inovação, produção de conhecimento e alimentos e vive com dignidade graças aos programas sociais conquistados e construídos pela sociedade civil “e não vamos permitir que haja corte”, desabafou.
Hilda Mercês, agricultora familiar residente no Povoado de São João, município de Conceição do Coité, território do sisal, representou o SINTRAF e reafirmou o que o movimento transmitiu, ou seja, a necessidade de recursos para a continuidade dos programas de convivência com o semiárido a exemplo das construções de cisternas de placas para captação de água da chuva para consumo humano e para produção de alimentos, Bolsa Família, acesso a créditos, Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), Seguro Safra e o Bolsa Estiagem. “Começamos esse movimento em Coité, quando realizamos um ato pela manutenção do PAA e aqui pela manutenção de todos os outros direitos conquistados”, falou a líder sindical.
Redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas