Estudioso do tema há 20 anos, o secretário da Segurança Pública da Bahia, Ricardo Mandarino, diz não ter dúvida da ineficácia da atual política antidrogas adotada no Brasil. Ele defende mudança na estratégia com a adoção de uma política racional e regulamentada do comércio de drogas.
Mandarino argumenta que o ideal seria que o Brasil regulasse o comércio de drogas em um modelo semelhante ao feito com os cigarros, que, segundo ele, é o melhor do mundo. “Se você pegasse e regulasse o comércio de drogas do jeito que se regula o do cigarro, bastava ser do mesmo jeito, tributado, poderia usar esse tributo para construir hospitais para recuperar drogados e fazer publicidade contra uso de drogas, como faz com o cigarro”, sugeriu.
Na visão do titular da SSP-BA, a estratégia usada pelos órgãos de segurança para combater as drogas é “equivocada e não vai dar certo” e “apenas minimiza os efeitos”. Ele fez a avalição nesta quarta-feira (25), em entrevista ao programa Isso é Bahia, na rádio A Tarde FM 103,9.
Mandarino fez críticas ao conservadorismo das pessoas e a resistência às mudanças. Segundo ele, esse comportamento leva o Brasil a repetir “um negócio que não dá certo”. Ele ainda falou sobre o perfil da maioria das pessoas envolvidas com o tráfico de droga e o que leva a maioria a se envolver com a prática.
“Não concordo com a política de que ‘bandido bom é bandido morto’. Essa é uma mentalidade fascista. Quando você vai ver quem são traficantes vê que são pessoas empurradas para o crime, cada um tem uma história. São meninos, crianças, a maioria morre com no máximo 24 anos. Não tem vida longa. Eles são grandes vítimas”, ponderou Mandarino, ao citar que são fatores comuns a pobreza, abandono familiar e dificuldade de acesso a educação.
Mandarino, que está no comando da SSP-BA desde dezembro do ano passado, ressalta que “ninguém escolhe ser criminoso”. “Salvo aqueles criminosos de colarinho branco, aqueles criminosos tributários que tem vida boa e continuam roubando, que roubam dinheiro público. Esses são os mais perigosos, são pessoas de caráter deformado. Mas o traficante?”, justificou o secretário ao destacar a necessidade de um olhar diferente para a temática das drogas e para as pessoas envolvidas com a prática.
Sobre o atual modelo de combate às drogas ele ainda falou que atualmente se resume a “crianças se matando e no meio deles policiais matando e sendo mortos”.
“Tudo isso porque não se discute uma política racional do comércio de drogas. Não é você chegar e sair por aí ‘ah agora todo mundo vai fumar maconha’. Porque não se faz uma política igual a que se fez com o cigarro no Brasil? Que deu certo e o Brasil tem a melhor política de cigarro do mundo”, argumentou.
Fonte: Bahia Notícias