O único semáforo de Conceição do Coité, instalado no fim da década de 1990 e pioneiro em toda a região sisaleira, foi removido na terça-feira (29/04) para viabilizar a passagem do trio elétrico contratado para o Coité Folia 2025. A ação gerou diversas críticas ao gestor municipal, que optou por retirar todo o conjunto semafórico, além de três torres de iluminação do canteiro central e estreitar parte da calçada, com o objetivo de adequar a altura e a largura do trio que seria utilizado por quatro atrações da festa: Bell Marques, Léo Santana, Durval Lélys e Escandurras.
Apesar das críticas, a remoção reacendeu um debate importante e necessário sobre a urgente modernização e ampliação do sistema de sinalização viária no município — especialmente considerando que, em quase três décadas, a frota de veículos pode ter triplicado.
O episódio pode servir de estímulo para que o atual prefeito, Marcelo Araújo (União Brasil) — primo do ex-prefeito Éwerton Rios d’Araújo Filho, o “Vertinho”, responsável pela implantação do semáforo agora retirado — reavalie a sinalização urbana e considere a instalação de novos conjuntos semafóricos em pontos críticos da cidade, já há muito tempo demandados por questões de segurança e fluidez no trânsito.
Vale lembrar que, em 2015, durante a gestão do ex-prefeito Assis (PT), um segundo conjunto semafórico foi instalado nas proximidades do busto de Wercelêncio Calixto do Mota, na área central. No entanto, o equipamento teve vida curta: meses depois, foi removido com a justificativa de que estava muito próximo do outro semáforo e que, em vez de solucionar, aumentava os congestionamentos.
Em entrevista ao Calila Notícias, o ex-secretário de Infraestrutura Cleuber Cedraz explicou que o conjunto foi uma conquista do município junto ao Governo do Estado, por meio do DETRAN. Segundo ele, engenheiros de trânsito estiveram na cidade, elaboraram uma nova sinalização e concluíram que o equipamento próximo ao busto de Wercelêncio não resolvia o problema, tornando o tráfego mais lento.
“Optamos por fechar o cruzamento e abrir dois retornos — em frente à banca de revistas e na Fonte Luminosa — para veículos de maior porte. O trânsito passou a fluir melhor, e decidimos remover o conjunto enquanto realizávamos novos estudos para implantação em outros locais. As sugestões eram muitas, mas a situação demandava análise técnica. O equipamento foi guardado em local protegido, na SEINFRA. Não sei qual é sua situação hoje”, afirmou Cedraz.
Na época, muitos esperavam que o conjunto retirado fosse reinstalado em locais críticos do trânsito urbano, como a Avenida Getúlio Vargas (em frente ao antigo supermercado Todo Dia) ou no cruzamento da Climecc — pontos onde são frequentes os acidentes de trânsito. No entanto, o equipamento nunca foi realocado, e até hoje não se sabe se ainda existe ou se está em condições de reutilização.
Com o crescimento populacional, o aumento da frota e o fluxo de veículos cada vez mais intenso, principalmente durante grandes eventos, especialistas e moradores consideram urgente a instalação de ao menos cinco novos conjuntos de semáforos em pontos estratégicos da cidade.
Ao assumir o mandato em janeiro de 2021, a primeira intervenção de infraestrutura do prefeito Marcelo Araújo foi justamente a construção de duas faixas elevadas no local onde havia sido removido o segundo semáforo, durante a gestão de Assis. A medida foi considerada adequada, já que havia consenso de que aquele ponto não comportava bem um semáforo.
Enquanto isso, a retirada do semáforo histórico — mesmo que temporária — traz novamente à tona uma demanda antiga e essencial: a necessidade de um planejamento urbano voltado à mobilidade e à segurança viária. Instalado no fim da década de 1990, ainda durante o segundo mandato de “Vertinho”, o equipamento foi o primeiro não só em Coité, mas em toda a região sisaleira, incluindo cidades como Serrinha. Sua estrutura resistia ao tempo até ser desmontada para dar passagem ao trio elétrico.
Nesta terça-feira, 06, a reportagem do CN esteve no cruzamento da Rua Marechal Deodoro da Fonseca com a Floriano Peixoto (que segue no sentido Mercado Municipal) e com a João Benevides, (sentido Fonte Luminosa) e constatou o transtorno pela falta do semáforo. Muitos motoristas sem conhecimento ou ignorando a preferencial, muitos deles ocupavam o centro, quando deveria aguardar na esquina e os pedestres também andavam sem orientação.
Vale ressaltar que em qualquer cidade quando o semáforo apresenta algum tipo de problema, agentes de trânsito são convocados para orientar motoristas e pedestres, o que não foi visto em Coité, após a remoção da sinaleira.
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