Apesar de registrar uma trajetória ascendente no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) na última década, Conceição do Coité ainda enfrenta entraves para transformar números em avanços reais. Com nota 0,4861 no IFDM de 2023, o município permanece na faixa de desenvolvimento baixo, estagnado entre centenas de cidades baianas que também evoluíram, mas conseguiram maior destaque.
O IFDM mede o nível de desenvolvimento dos municípios brasileiros com base em três áreas fundamentais: Educação, Saúde e Emprego & Renda. Cada vertente é pontuada de 0 a 1, e a média das três define a posição do município. A classificação geral vai de crítico (menos de 0,4) a alto desenvolvimento (acima de 0,8).
Em Conceição do Coité, os dados mais recentes revelam:
* Educação: 0,4400
* Saúde: 0,5871
* Emprego & Renda: 0,4312
A Saúde é a área mais bem colocada, próxima da faixa moderada (0,6), enquanto Educação e Emprego & Renda continuam distantes dos padrões ideais.
Posição discreta no estado e na região
Coité ocupa a 219ª posição entre os 417 municípios baianos e a 4.599ª no ranking nacional. Em todo o País são 5.570. No cenário regional, o município também não se destaca: é o 9º entre os 20 municípios do Território do Sisal e o 19º entre os 36 municípios que compõem o Território do Sisal e a Bacia do Jacuípe.
Vizinhos que avançaram
Enquanto Coité caminha lentamente, alguns municípios do entorno conseguiram ganhar posições importantes nos rankings estaduais.
No Território do Sisal, três cidades se destacam entre as 100 melhores da Bahia:
* Valente (35ª)
* Barrocas (37ª)
* Ichu (67ª)
Esses municípios têm apresentado políticas públicas mais efetivas e capacidade de execução dos planos locais, conseguindo levar ações do papel para a prática.
Já na Bacia do Jacuípe, outros três municípios também estão entre os 100 melhores do estado:
* Capim Grosso (59º) e Pintadas (76º), que desde 2013 já figuravam entre os melhores;
* São José do Jacuípe (81º), que apresentou melhora expressiva ao saltar da 253ª posição em 2013 para o top 100 em 2023.
Esses casos mostram que, mesmo em contextos desafiadores como o semiárido baiano, é possível avançar com planejamento e execução eficaz.
Quem perdeu espaço
Na contramão, municípios que antes figuravam entre os mais bem colocados no IFDM caíram no ranking na última década. É o caso de:
* Riachão do Jacuípe
* Serra Preta
* Serrinha
* Quixabeira
* Ipirá
Estes saíram do top 100 da Bahia devido a uma piora relativa no desempenho, ou seja, cresceram menos que os demais ou não conseguiram sustentar avanços anteriores.
Planos parados e oportunidades perdidas
Em Conceição do Coité, diversos planos estratégicos foram elaborados desde 2013 — como o Plano Municipal de Educação, o Plano de Resíduos Sólidos, o Plano de Saneamento Básico e o Programa Brave para a cadeia do sisal — mas muitos deles não saíram do papel ou tiveram execução parcial. A educação em tempo integral, por exemplo, teve pouca implantação prática, e ações na área de saneamento seguem pendentes, apesar de anúncios públicos anteriores.
Essa lentidão contribui para a manutenção do município numa zona de desenvolvimento baixo, sem avanços consistentes que reflitam melhorias visíveis para a população.
Bahia cresceu, e a concorrência ficou mais acirrada
Entre 2013 e 2023, o IFDM médio da Bahia passou de 0,2966 para 0,4920, um salto de quase 66%. Todos os municípios baianos evoluíram nesse período. Assim, para melhorar sua posição nos rankings, não basta apenas subir a nota — é preciso avançar mais do que os demais.
Hoje, 90,4% dos municípios da Bahia estão na faixa de desenvolvimento baixo, e 5% ainda estão no nível crítico. Apenas 4,6% conseguiram alcançar o nível moderado, e nenhum atingiu desenvolvimento alto.
Desafio contínuo
A situação de Conceição do Coité é reflexo de um problema mais amplo: a dificuldade de transformar planos em ações concretas e de promover políticas de impacto duradouro. Com uma gestão pública mais eficiente e a retomada de projetos estruturantes, o município tem potencial para evoluir — mas o tempo e a concorrência não param. Em uma Bahia que cresce junto, quem anda devagar acaba ficando para trás.
CN | Reportagem de Paulo Marcos