Depois de ser liderar a transformação do Bahia em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), Guilherme Bellintani deu início a uma nova empreitada no futebol. Longe da administração de um único clube, ele agora comanda a Squadra Sports, plataforma que reúne múltiplos times sob um único modelo de gestão e mira a expansão internacional.
A Squadra já administra cinco clubes no Brasil: Londrina (PR) e Linense (SP), no futebol profissional, além de VF4 (PB), Ypiranga (BA) e Conquista (BA), nas categorias de base. O próximo passo está em curso: a aquisição de uma equipe em Portugal, que pode marcar a estreia de um grupo multiclubes brasileiro na Europa.
“A ideia é formar um projeto robusto de desenvolvimento e exportação de atletas. Trabalhamos com um horizonte de seis anos, de 2025 a 2030, e queremos atingir a marca de mil jogadores integrados à plataforma”, revelou Bellintani em entrevista ao GE, que teve como assunto central o mundo das SAFs
De Salvador para o mundo
A base da Squadra se sustenta na experiência adquirida por Bellintani durante sua passagem pelo Bahia. Sob sua gestão, o clube negociou, em 2022, 90% da SAF com o poderoso City Football Group, conglomerado responsável por Manchester City, Girona, New York City FC e outros.
A transação foi uma das primeiras a seguir o modelo regulamentado pela Lei 14.193, que abriu espaço legal para a criação das SAFs no país. A estruturação do negócio, segundo Bellintani, exigiu equilíbrio entre velocidade e planejamento estratégico.
“Estudamos primeiro o que o clube precisava, estruturamos o modelo e só depois buscamos um investidor. Isso garantiu um projeto de longo prazo e um parceiro comprometido”, afirmou.
Os resultados começaram a aparecer rapidamente. O Bahia quitou dívidas históricas, alcançou sua melhor campanha no Campeonato Brasileiro por pontos corridos (8º lugar em 2024), voltou à Libertadores após 35 anos e agora planeja construir o maior centro de treinamento da América do Sul.
O avanço (cauteloso) das SAFs
Apesar do crescimento do modelo SAF no Brasil — já são mais de 60 clubes desde 2021 — Bellintani evita o otimismo exagerado. Para ele, a estrutura ainda está em fase de maturação e os próximos anos serão decisivos.
“É cedo para dizer que o modelo está consolidado. O que vemos é um processo de transformação, que vai passar por muitos ajustes, erros e acertos. Só depois de cinco ou seis anos poderemos avaliar sua real efetividade no futebol brasileiro”, analisou.
Outro ponto destacado por Bellintani é o impacto que as SAFs causam na dinâmica entre clubes. Ele observa que até os times de modelo associativo vêm sendo forçados a se profissionalizar mais para acompanhar a nova lógica do mercado.
“Clubes como Palmeiras e Flamengo se anteciparam a isso. Mesmo sem virar SAF, adotaram práticas de gestão que os colocam em pé de igualdade ou até à frente de muitos que adotaram o modelo. Outros estão percebendo que precisam se organizar para competir”, dstacou.
Um projeto de longo prazo
Com o crescimento da Squadra Sports e a iminente entrada no futebol europeu, Bellintani acredita estar construindo algo inédito no país. A proposta, segundo ele, não se limita à gestão de clubes, mas à formação de um ecossistema de desenvolvimento, intercâmbio e valorização de atletas.
“Queremos ser referência na formação e exportação de talentos. Com a inclusão de um clube de Portugal, daremos um passo importante para consolidar o primeiro grupo multiclubes brasileiro com presença internacional. O projeto está em construção e ainda há muito a fazer”, projetou.
Fonte: Correio