No último sábado (9), o governador Jerônimo Rodrigues chegou em Cansanção com a comitiva para entregar obras e anunciar investimentos que, segundo ele, se aproxima de R$ 100 milhões. No meio do discurso, aproveitou pra contar como foi que se aproximou politicamente da prefeita Vilma Gomes — que, nas eleições de 2022, não estava do lado dele. O governador já fez aproximadamente 400 viagens, mas foi a primeira a Cansanção. Nas eleições de 2024 ela trocou o União Brasil pelo MDB da base governista e convidou o então presidente do PT para compor a chapa de vice, numa demonstração que estava disposta a fazer parceria com o estado.
No Território do Sisal, dos 20 prefeitos, quatro não estavam com Jerônimo, além de Vilma em Cansanção, Dr. Arismário de Santaluz, Ubaldino Amaral em Valente e Marcelo Araújo, Coité. Depois da eleição, Marcelo preferiu seguir no grupo dele… mas Vilma, Ubaldino e Arismário passaram pra base governista.

O governador, durante seu longo discurso (1h20), explicou como aconteceu a aliança com Vilma. Começou falando de Rui Costa, quando foi governador tendo Bolsonaro na presidência. Enfrentou muita dificuldade para dialogar com o Governo Federal; nem ministros o recebiam. “E nenhum de nós concorda com essa forma de governar. Lula se empossou no dia 1º de janeiro de 2023, igual a mim. Uma semana depois de sentar na cadeira, ele chamou os 27 governadores, e eu estava lá. Ele [Lula] sabia que tinha governador também para quem não fez campanha e nem votou nele, e alguns governadores que poderão ser candidatos contra ele, mas naquele momento estavam governando seus estados e merecem respeito. É a mesma missão minha” afirmou.
“Quando a prefeita procurou dialogar com a gente, por intermédio dos deputados, não foi só uma vez, e eu não recebi logo, não foi por não querer, nem por castigo, é o tempo, as viagens, e o fruto — tá na Bíblia: “só dá na hora”, afirmou o governador.
“Eu quero hoje aqui agradecer a coragem dela, do grupo dela, do time de deputados que ajudou essa mediação, porque eu não posso fazer uma leitura tal qual o presidente [Bolsonaro] fazia. Alguém pode dizer: ‘Mas governador, em 2024 o senhor não queria ela prefeita.’ Verdade, eu tinha um projeto aqui. O que acontece? Se eu estou dizendo isso é pra falar pra vocês: o governador em 2024 não queria, mas o povo de Cansanção quis ela, e eu tenho que respeitar a vontade do povo. É duro? Pra mim, não é duro, porque eu não vou soltar a mão dos meus.
Jeronimo pediu a Cansanção que “da mesma forma que eu pedi para respeitar a prefeita, eu peço para respeitar quem com ela concorreu, porque naquele momento duas, três chapas, quantas forem, são candidatos legítimos, isso existe na política. Se quiser sentar comigo, vai sentar, e eu vou chamar. Eu vou sentar com os 417 prefeitos desta Bahia, independente do partido dele(a), é obrigação. Quando eu sentei na cadeira de governador, recebi a mensagem do povo: ‘Senta aí, governador, e vai governar para o teu povo inteiro. Esqueça a eleição de 2022”.
Eu não vou esquecer os que me carregaram, não combina com a gente: ingratidão. Mas eu não quero que ela [Vilma] também solte a mão de quem a carregou. Não é condicionante isso: não solte as mãos dos teus, não seja ingrata. Eu tenho os meus que ficam dizendo: ‘Não, governador, não vá lá, não, que ela votou contra.’ E tem os dela que falam o mesmo: ‘Não vá, prefeita.’ Na política, tem os extremos, mas o que vale é a média, o meio é que sabe que ela não tem dinheiro na prefeitura pra fazer tudo que pretende, e ela precisa dar a mão ao presidente Lula, e ela precisa da mão financeira do estado, dos deputados e deputadas. Ela não consegue sozinha, apenas com recursos do município. Precisa de recursos para licitar, e ela foi até a gente para pedir com projetos na mão; não foi lá de mão abanando”.
Então, eu quero que Cansanção me compreenda: eu fui eleito para poder ajudar Cansanção a resolver o problema de água. Lá no Junco, a gente entregou a UBS (Unidade Básica de Saúde). Eu autorizei pavimentação, e é dessa forma que se governa, é parceria, é cuidar de gente, é olhar no olho, é trabalhar por todos… sem olhar pra partido. E eu vou seguir cuidando de Cansanção e dessa região com muito carinho”, concluiu, sob aplausos e gritos de apoio.
Prefeito de Santaluz disse que o governador foi muito coerente na explicação
O prefeito de Santaluz, Arismário Barbosa, popularmente conhecido como Dr. Arismário, que teve postura semelhante à de Vilma, estava presente no palanque e ouviu atentamente o discurso do governador. Ele, no final do evento, conversou com o Calila Notícias.

O prefeito luzense disse que foi pertinente o discurso do governador, admitiu que esteve no lado oposto ao dele em 2022, na disputa municipal em que concorreu à reeleição em 2024 e o governador apoiou seu opositor, mas ainda assim ele conseguiu a reeleição. Segundo ele, tudo isso está superado, em 2026 será diferente, e já está trabalhando em parceria com o governo em prol do município. “Agora se fortalece este objetivo e vamos trabalhar unidos para o melhor desenvolvimento de Santaluz”, afirmou o gestor.
Ainda segundo Arismário, a política tem seu momento, a campanha tem suas decisões que são pontuais, “mas não devemos esquecer que o objetivo maior, enquanto gestor, é pensar no município, pensar no povo. O que a gente pede ao governador não é para Arismário, não é um asfalto para beneficiar uma propriedade de Arismário ou hospital para ele, UBS, ambulância, a gente pede para a população como um todo”, disse o prefeito.
Arismário aproveitou a oportunidade para convidar a população para a inauguração da nova sede da Delegacia de Polícia, que vai acontecer às 10h desta segunda-feira, 11. O espaço já vem sendo usado, mas um representante da Secretaria de Segurança Pública do Estado virá para entregar oficialmente.