Na tarde de domingo, 28, o ex-vereador e advogado Aquiles Nereu, aliado histórico do grupo político do prefeito Guene, realizou uma live em suas redes sociais onde fez denúncias graves sobre a gestão da saúde em Retirolândia.
Logo no início da transmissão, Aquiles afirmou que “não depende de política para sobreviver”, apesar de gostar da vida pública, e disse que sua crítica não é motivada por cargos ou benefícios. Ele destacou que sua esposa, Pablisia Barreto, diretora do Hospital Municipal, estava presente “mesmo com a certeza de que seria desempregada”.
O advogado acusou que havia pagamentos indevidos a partir de um contrato com o Instituto Strategic – Instituto de Fomento, Colaboração e Apoio à Gestão Pública e Privada, sediado em Salvador. Segundo ele, as notas emitidas para o pagamento de médicos eram superfaturadas, o que estaria provocando falta de medicamentos, insumos e até alimentação no hospital. Aquiles disse ainda que pediu para não renovar o contrato com o instituto, mas foi ignorado, e exibiu prints de conversas que teria mantido com o prefeito Guene e com o chefe de gabinete alertando sobre as falhas.
Ele também comentou a repercussão de uma foto com uísque e energético no gabinete do prefeito, afirmando que o caso foi usado como “cortina de fumaça” para esconder problemas maiores na saúde, e negou que o fim de seu contrato jurídico com a prefeitura tenha relação com esse episódio.
“Eu reconheço a honestidade e a seriedade do prefeito Guene. Entretanto, um governo honesto não pode deixar roubar”, afirmou durante a live.
Durante a transmissão, Aquiles admitiu que poderia voltar a apoiar e até integrar o governo municipal, mas apenas se houver compromisso de “tirar todos os corruptos da gestão”.
Segundo ele, durante a campanha eleitoral ficou definido que cada grupo político assumiria uma secretaria municipal. Coube a ele indicar o secretário de Saúde, cargo ocupado hoje por seu primo Yuri Carneiro, enquanto sua esposa dirige o hospital. Já a Secretaria de Educação ficaria sob indicação da família do ex-prefeito Adevaldo Martins (in memoriam), que chegou a indicar dois nomes, mas nenhum permanece no governo atualmente — hoje a pasta é comandada por Renilma Rios, sobrinha do prefeito Guene, fato que Aquiles criticou como quebra de acordo e nepotismo.
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Versão da Prefeitura
Após a live, o chefe de gabinete Amécio Luiz Santos de Oliveira rebateu as acusações e apresentou detalhes sobre o episódio que deu origem à polêmica do uísque.
Segundo informações apuradas pelo Calila Notícias, Aquiles teria chegado à prefeitura com um litro de uísque e um energético, entrou no gabinete antes da chegada do prefeito e estaria visivelmente alterado, aparentando já ter ingerido bebida alcoólica em outros locais. Fontes também informaram que o advogado já teria feito outras postagens em bares da cidade com bebidas.

Amécio disse que, ao chegar e encontrar a garrafa, o prefeito Guene retirou o uísque da mesa para tentar manter o diálogo, que não avançou porque Aquiles estava exaltado.
O chefe de gabinete afirmou ainda que a narrativa de que Aquiles não tinha espaço na gestão “não é real” e que ele sempre teve acesso e atenção do prefeito, além de contratos e acordos mantidos.
Amécio reforçou que o contrato com o Instituto Strategic sempre esteve transparente e disponível para órgãos de controle e que a gestão municipal “preza pelo compromisso e respeito à administração pública”.
Repercussão política
As declarações de Aquiles e a resposta da prefeitura repercutiram fortemente no município e chegaram à Câmara de Vereadores. Segundo informações apuradas, vereadores da oposição já se articulam para propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com o objetivo de investigar os contratos da saúde e esclarecer as acusações feitas pelo ex-vereador.
A possível abertura de uma CPI promete ampliar a pressão sobre a gestão municipal e deve movimentar o cenário político de Retirolândia nas próximas semanas.