As chuvas das últimas 72 horas voltaram a cair com força em várias regiões da Bahia, com acumulados que passam de 170 milímetros em alguns municípios, segundo dados das redes de monitoramento do Centro de Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Os maiores volumes se concentram em áreas do Litoral Norte, Região Metropolitana de Salvador, Chapada Diamantina, centro-norte e oeste do estado, com reflexos em alagamentos, transtornos urbanos e alívio pontual da seca no interior.
Pelos pluviômetros do Cemaden, os destaques são Serrinha, com cerca de 170 mm, e Lauro de Freitas, na RMS, com aproximadamente 144 mm nas últimas 72 horas. Também chamam atenção os acumulados em Conde (127 mm), Capim Grosso (120 mm), Campo Formoso (119 mm), Lamarão (95 mm), Salvador (90 mm), América Dourada (74 mm), Jacobina (77 mm) e Bom Jesus da Lapa (72 mm). Esses números confirmam um episódio de chuva persistente sobre o semiárido baiano e áreas do litoral.
Na rede do Inmet, os maiores volumes no período foram medidos em cidades da Chapada e do interior: Morro do Chapéu (126 mm), Lençóis (124 mm), Euclides da Cunha (61 mm), Barra (58 mm), Ibotirama (50 mm), Barreiras (43 mm) e Guanambi (34 mm). Os acumulados refletem a atuação de áreas de instabilidade que vêm mantendo o tempo chuvoso em parte da Bahia desde o meio da semana, com sucessivas emissões de alertas de chuva intensa pelo Inmet para todo o estado.
Caetité volta a registrar estragos após mais de 100 mm em 24 horas
Em Caetité voltou a ser um dos pontos de maior preocupação. A cidade já acumula mais de 100 mm em 24 horas, com registro de novos alagamentos e enxurradas em vários bairros. No início de novembro, um temporal já havia provocado cenas de carros arrastados pela água e ruas transformadas em rios, em poucos minutos, fato registrado em vários vídeos publicados nas redes sociais.
A nova sequência de chuva reforça a vulnerabilidade de áreas urbanas com drenagem insuficiente e encostas ocupadas, aumentando o risco de desabamentos e perdas materiais. Autoridades locais voltaram a orientar moradores de áreas sujeitas a alagamento a redobrarem a atenção.
Na cidade de Guanambi, apesar do volume menor, registrado pela estação do Inmet no Aeroporto Municipal, um temporal no fim da tarde de quarta-feira (19) deixou ruas do Centro alagadas. Além disso, arvores caíram devido à força do vento.
Alagamentos na RMS e alívio pontual da seca no interior
Na Região Metropolitana de Salvador, além dos altos volumes em Lauro de Freitas, a capital também registrou chuva muito acima do normal. Em Salvador, a Defesa Civil apontou mais de 100 mm em poucas horas, superando a média esperada para todo o mês de novembro em alguns bairros e provocando alagamentos de vias e risco de deslizamentos em áreas de encosta.
Em Lauro de Freitas, avenidas ficaram alagadas e carros chegaram a ficar submersos em pontos como a região da Unime. As fortes chuvas também forçaram o adiamento de eventos, como o “Celebra Lauro”, que aconteceria na Praça da Matriz e foi remarcado após a intensificação do mau tempo.
No Vale do São Francisco e no oeste baiano, a chuva dos últimos dias ajuda a interromper, ao menos temporariamente, o quadro de estiagem que vinha sendo monitorado pelo Inema e por órgãos federais. Municípios como Barra, Ibotirama e Bom Jesus da Lapa, que vinham enfrentando períodos mais secos e quentes, com alertas de baixa umidade, registraram acumulados significativos e seguem sob avisos de chuva intensa.
Mesmo assim, técnicos ressaltam que a recuperação de reservatórios e rios depende da continuidade das precipitações ao longo das próximas semanas.
Outras ocorrência
Araci: Enfrentou uma noite de tensão com fortes chuvas, resultando em moradores ilhados e ruas completamente alagadas. A prefeitura mobilizou esforços para assistência à população afetada. Um trecho da BR-116 que liga a cidade a Tucano foi totalmente interditado após uma cratera se abrir na pista.
Lençóis e Mutuípe: Registraram ruas e praças totalmente alagadas.
BR-135: Houve registro de interdição devido à força das águas.
Salvador: A Codesal segue em plantão permanente para atender ocorrências, principalmente por alagamentos, deslizamentos de terra e quedas de árvores.
Impactos Estruturais: A instabilidade generalizada causou um grande número de raios (mais de 90 mil em 48 horas) e resultou em um apagão que afetou Feira de Santana, Irará e Coração de Maria, demonstrando a intensidade do fenômeno.
Mapa de risco segue elevado
Com o solo encharcado em boa parte do estado, Defesa Civil e Inmet mantêm alertas para alagamentos, enxurradas, quedas de árvores, descargas elétricas e cortes de energia, sobretudo em áreas urbanas mais adensadas. Os boletins mais recentes falam em possibilidade de chuva entre 50 e 100 mm por dia, acompanhada de rajadas de vento de até 100 km/h em diferentes regiões da Bahia.
Previsão do tempo: instabilidade ainda persiste
De acordo com o Inema, as condições atmosféricas indicam redução da chuva neste sábado (22) em parte da Bahia, mas ainda com possibilidade de pancadas isoladas intercaladas com períodos de tempo firme ao longo do dia. No oeste do estado, a previsão segue apontando para a ocorrência eventual de pancadas de chuva.
No domingo (23), as áreas de instabilidade voltam a ganhar força. A previsão indica chance de pancadas de chuva ao longo do litoral, incluindo Salvador, Região Metropolitana e Recôncavo, além da região oeste.
A tendência para segunda-feira (24) ainda é de pancadas de chuva sobre o litoral, oeste e sudoeste da Bahia, mantendo o cenário de atenção para novos episódios de chuva forte, principalmente em locais que já registram altos acumulados e solo bastante encharcado.
Fonte: Agência Sertão




