O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5) confirmou, na terça-feira (2), a morte do desembargador Agenor Calazans da Silva Filho, aos 63 anos, em Salvador. A causa do falecimento não foi divulgada. A notícia gerou grande comoção no meio jurídico. Em Conceição do Coité foi o município onde o magistrado construiu uma das fases mais marcantes de sua carreira profissional.
Promovido ao cargo de desembargador em agosto de 2023 pelo critério de antiguidade, Calazans ingressou na Justiça do Trabalho em 1992 como juiz substituto e, dois anos depois, tornou-se juiz titular. Ao longo dessas décadas, atuou em diversas varas do trabalho do interior baiano, mas foi em Conceição do Coité que deixou uma contribuição que atravessou o campo jurídico e se integrou ao cotidiano social do município.
Atuação comunitária e aproximação com a população de Coité
Durante o período em que esteve lotado na Vara do Trabalho da cidade, Agenor Calazans rompeu a barreira da formalidade judicial ao se aproximar da comunidade. Promoveu, no Centro Cultural, uma série de seminários intitulados “Justiça e Comunidade”, eventos que reuniam trabalhadores, estudantes, autoridades e lideranças locais para discutir direitos, deveres e temas ligados às relações de trabalho.

Essa iniciativa, considerada pioneira no diálogo entre o Judiciário e a população do Território do Sisal, ajudou a consolidar a imagem de um magistrado acessível, pedagógico e comprometido com a orientação social.
Outra marca importante de sua trajetória no município foi a participação semanal no programa “Alô Sertão”, apresentado por Valdemi de Assis na Rádio Sisal. Todas as semanas, Calazans comentava casos, explicava decisões, tirava dúvidas e traduzia, em linguagem simples, assuntos jurídicos do interesse da população coiteense e de toda a região. A presença dele no rádio ampliou o alcance de seu trabalho e fortaleceu sua ligação com o público.
O advogado coiteense Helio Carneiro lembrou que Agenor Calazans atendeu sua solicitação, quando sugeriu Roberto Lopes para ser juiz do trabalho classista, representante dos empregadores, quando Coité era Junta de Conciliação e Julgamento.
Ele era casado com a advogada Nadia, nascida em Santaluz, filha de Milton da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), “Milton da Estação”.
Reconhecimento e homenagem
Pelo vínculo construído com a cidade e pelo envolvimento direto com seus moradores, Agenor Calazans recebeu o título de Cidadão Coiteense, honraria concedida a quem se destaca por serviços relevantes prestados ao município. A homenagem consolidou oficialmente aquilo que a comunidade já havia percebido: o magistrado se tornou parte da história local.

Legado
Com perfil humanista, ponderado e bastante atuante, Agenor Calazans também recebeu distinções importantes, como a Medalha Thomé de Souza, concedida pela Câmara Municipal de Salvador em 2024, por sua contribuição ao serviço público e ao fortalecimento do diálogo social através da magistratura.
Sua morte deixa uma lacuna no Judiciário baiano e no Território do Sisal, sobretudo em Conceição do Coité, onde seu trabalho ultrapassou o gabinete e se converteu em participação cidadã, formação social e aproximação diária com a comunidade.
O CN não obteve informações sobre velório e sepultamento do corpo do magistrado.



