A nova fase da Operação Tântalo, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) do Ministério Público do Maranhão, resultou na prisão de 21 pessoas em Turilândia, no interior do estado, na véspera do Natal. Entre os presos estão o prefeito reeleito Paulo Curió (União Brasil), a vice-prefeita Tanya Mendes (PRD), a primeira-dama Eva Curió e todos os 11 vereadores atualmente no exercício do mandato.

A operação foi autorizada pela desembargadora Graça Amorim, do Tribunal de Justiça do Maranhão, após indícios de que uma organização criminosa teria desviado aproximadamente R$ 56,3 milhões dos cofres públicos desde 2021.
Turilândia: onde fica e como a cidade reagiu
Turilândia está localizada na Baixada Maranhense, a cerca de 201 km de São Luís, capital do estado, com acesso pela BR-316 e MA-014. O município tem população estimada em 31,6 mil habitantes.
A deflagração da operação às vésperas do Natal gerou forte comoção. Nas ruas e redes sociais, o clima é de surpresa, indignação e insegurança administrativa, já que prefeito, vice e todo o Legislativo municipal foram atingidos por medidas cautelares ao mesmo tempo.

O que dizem as investigações
Segundo o Gaeco, os investigados são suspeitos de integrar um esquema de desvio de recursos públicos baseado em: notas fiscais sem execução de serviço; empresas de fachada; contratos direcionados e retorno de até 90% dos valores pagos pela prefeitura aos investigados. A Justiça determinou:
✔️ prisões preventivas e domiciliares
✔️ bloqueio de R$ 22,3 milhões em bens
✔️ afastamento dos cargos dos envolvidos
✔️ proibição de novos contratos com empresas citadas
✔️ monitoramento com tornozeleira eletrônica

Após a prisão, o prefeito Paulo Curió e a vice-prefeita Tanya Mendes foram encaminhados à Unidade Prisional de Ressocialização de Pedrinhas, em São Luís, onde permanecem à disposição da Justiça.
Os vereadores e demais investigados que receberam prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica cumprem a medida em suas residências, autorizados a se deslocar somente para a Câmara Municipal, em horário limitado, e proibidos de manter contato com outros investigados e testemunhas.

Situação social do município
Os dados citados na decisão judicial mostram contraste entre a realidade local e o volume movimentado pelo esquema:
📌 IDH de 0,536 (muito baixo)
📌 97% da receita dependente de repasses estaduais e federais
📌 Apenas 2% da população com saneamento básico
📌 Nenhum hospital em funcionamento
📌 Mais de 40% dos moradores beneficiários do Bolsa Família
Quem é Paulo Curió: reeleito, popular e agora investigado

Nas eleições de 2024, Paulo Curió foi reeleito prefeito com 67,45% dos votos válidos, vencendo com ampla vantagem no primeiro turno, conforme dados oficiais do TSE. Na declaração de bens enviada ao Tribunal Superior Eleitoral, informou possuir patrimônio de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).
Os dados completos de 2020 não estavam disponíveis em fontes públicas acessíveis no momento desta reportagem.
Vida pessoal do casal
O prefeito e a primeira-dama mantinham forte presença pública em eventos oficiais e redes sociais. Entretanto, não há confirmação oficial acessível sobre o número de filhos do casal, e o Calila Notícias adota como política editorial não divulgar dados pessoais sem comprovação documental, mantendo o foco nos fatos relacionados à investigação.

Quem foi preso e por qual suspeita, segundo o MP-MA.Prisão preventiva (10 investigados)
Paulo Curió (Prefeito) — suspeito de liderar o esquema e direcionar licitações.
Eva Curió (Primeira-dama) — investigada por operar contas e lavagem de recursos.
Tanya Mendes (Vice-prefeita) — apontada como articuladora política do grupo.
Hyan Alfredo (Esposo da vice) — suspeito de intermediar empresas e repasses.
Wandson Jonath (Contador) — apontado como operador financeiro e criador de empresas laranjas.
Janaína Soares (Ex-vice-prefeita) — ligação com empresa usada no esquema.
Marlon Serrão (Empresário) — suspeito de movimentar valores e contratos.
Clementina de Jesus (Pregoeira) — investigada por direcionar licitações.
Gerusa Lopes (Chefe de Compras) — suspeita de confusão patrimonial e recebimento irregular.
Eustáquio Campos (Médico) — acusado de ocultação de bens e intermediação de transações.
Prisão domiciliar com tornozeleira (11 vereadores)
Embora vários vereadores tenham atuado alinhados à gestão, não foi possível confirmar oficialmente se todos integravam a base política do prefeito nas eleições de 2024, pois dados completos de coligações e filiações não estavam disponíveis em bases públicas no momento.
O que se registra é que todos os 11 vereadores em exercício foram incluídos nas medidas judiciais — sendo presos em regime domiciliar com uso de monitoramento eletrônico.

Gilmar Carlos (União Brasil) — Presidente da Câmara
Mizael Brito Soares (União Brasil)
Nadianne Judith Vieira Reis (PRD)
Daniel Barbosa Silva (União Brasil)
Josias Froes (Solidariedade)
Inailce Nogueira Lopes (União Brasil)
Carla Regina Pereira Chagas (PRD)
José Luís Araújo Diniz – “Pelego” (União Brasil)
Sávio Araújo e Araújo (PRD)
José Ribamar Sampaio (União Brasil)
Valdemar Barbosa (Solidariedade) — licenciado; atual secretário de Agricultura
Próximos passos
Com o afastamento das principais lideranças políticas, o município espera decisão judicial sobre a sucessão na prefeitura e a definição de medidas emergenciais para manter a máquina pública em funcionamento.
O Ministério Público não descarta novas fases da operação.
Posicionamento
A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Turilândia e com as defesas dos investigados, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.



