A cantora Márcia Freire, ao lado de Léo Santana, foi a principal atração da terceira noite do Coité Folia 2025. Freire se destacou no cenário musical baiano e ganhou projeção nacional como vocalista da banda Cheiro de Amor, onde permaneceu por 13 anos (1986–1996 / 2000–2003). Nesse período, lançou 12 discos que venderam cerca de 7 milhões de cópias e emplacou sucessos como “Auê”, “Rebentão”, “Canto ao Pescador”, “É o Ouro”, “Doce Obsessão”, “Lero-Lero” e “Pureza da Paixão”.
Em carreira solo, lançou quatro discos e ganhou notoriedade nacional com a canção “Vermelho”, pouco tempo após deixar a banda. Assim como Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Claudia Leitte, Márcia teve seu auge e foi presença marcante nas micaretas de Coité. No entanto, a apresentação mais aguardada foi a de 1997, durante a primeira edição do Coité Folia no segundo mandato do então prefeito Vertinho. Na época, ele integrava o grupo político de direita da Bahia, e em Coité seu tio, Hamilton Rios — pai do atual prefeito Marcelo Araújo. HR foi eleito prefeito em 1972 pelo grupo vermelho, quebrando a hegemonia do grupo azul.

A escolha de Márcia Freire para aquela edição visava também comemorar mais um mandato do grupo, já que a cantora estava no auge com o hit “Vermelho”. No entanto, ela frustrou parte da militância e eleitores ao não repetir a música no repertório da forma esperada, o que teria levado o prefeito Vertinho a afirmar que ela não seria mais contratada para eventos em Coité.
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Aos 55 anos, embora siga querida pelos fãs, Márcia Freire não tem se mantido em destaque nacional. Por isso, quando seu nome foi anunciado como atração do Coité Folia 2025 — também a primeira edição do segundo mandato de Marcelo Araújo —, a lembrança foi imediata: quase 30 anos antes, a história se repetia com Vertinho.
Márcia conhece bem a rivalidade política entre vermelhos e azuis em Coité — uma disputa tão intensa que até os blocos na micareta refletiam as cores partidárias. Em 1992, essa tradição sofreu sua primeira ruptura, quando o então vereador e presidente da Câmara, Diovando Carneiro Cunha, o “Vando”, rompeu com Hamilton Rios e lançou candidatura própria. Para surpresa de muitos, convidou Misael Ferreira, maior liderança do grupo azul, para ser seu vice. Com o slogan “Governo do Coração”, “vermelhos e azuis são irmãos” a chapa uniu as cores e venceu as eleições. Vando faleceu três meses antes de encerrar o mandato.
Em 1996, Vertinho foi convocado a concorrer novamente e reassumiu o comando. Já em 2000, o grupo vermelho lançou Tom Araújo como candidato. Embora seu vice, Deraldo Ramos, também fosse do mesmo grupo, a campanha adotou o slogan “Coité de Todas as Cores”, e o azul esteve presente em toda a comunicação visual. Desde então, os eleitores mais conservadores mantêm o vermelho como principal referência ao grupo liderado por Hamilton Rios.