Nascida em 5 de dezembro de 1945, em Barbacena (MG), Cecília Petrini passou a infância no Rio de Janeiro e, aos 16 anos, decidiu seguir a vida religiosa. Ingressou em um convento em Curitiba e, ao longo dos anos, atuou em diversas frentes missionárias da Igreja Católica. Esteve em Santa Catarina, no Pará — onde trabalhou com comunidades ribeirinhas e operários da Rodovia Transamazônica — e, posteriormente, foi transferida para a Diocese de Senhor do Bonfim, fixando-se em Itiúba, na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.

Formada em Direito, Cecília conciliou sua atuação pastoral com o engajamento social. Defensora dos assentamentos, comunidades quilombolas e de fundo de pasto, teve papel importante na Comissão Pastoral da Terra (CPT) e apoiou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Sua atuação firme em defesa das populações do campo e de comunidades vulneráveis marcou profundamente a política baiana.
Do hábito religioso herdou a serenidade na fala, a firmeza no olhar e o compromisso com os mais humildes. Mas cedo percebeu que sua missão poderia ir além dos muros da igreja. Aproximou-se das pastorais de base, dos movimentos sociais e, em pouco tempo, transformou a fé em ação direta junto às comunidades. Foi essa experiência que a levou de vez para a vida popular, no sertão baiano.
Sua primeira caminhada eleitoral foi dura. Duas vezes candidata a prefeita, uma vez a deputada, sempre derrotada. Nunca passava de mil votos. Ela mesma chegou a dizer, em tom de brincadeira amarga, que era “a figura da derrota”. Mas em 2004, contrariando expectativas, Cecília deu a volta por cima. Com o apoio decisivo do comerciante Celso Gonzaga, costurou uma aliança que reuniu o ex-prefeito Padre Sandro, na condição de vice, e o então prefeito Jonas Trindade. A vitória veio por apenas 515 votos, mas mudou sua história: a freira que virou prefeita assumia o comando do município.

No poder, mostrou firmeza. Foi reeleita em 2008, com Evaldo Rios como vice, e depois lançou Silvano, o Banga, que derrotou a oposição. Em 2016, voltou ao cargo com Zé do Rádio de vice, mas em 2020 perdeu a prefeitura justamente para ele, por apenas 79 votos. Tentou novamente em 2024, mas a derrota foi maior, com diferença de 1.349 votos.
No dia 31 de agosto de 2025, Cecília Petrini partiu para o descanso eterno. Deixou uma trajetória marcada por fé, coragem e persistência. Mineira de origem e baiana de adoção, viveu como freira, governou como prefeita, enfrentou vitórias e derrotas, mas jamais perdeu a dignidade. Sua história é lembrança de que a política, assim como a vida, também pode ser missão.
*O velório começará nesta *segunda-feira (01) de setembro, das 02h às 11h, em sua casa*, seguindo para a *Câmara Municipal de Itiúba a partir das 11h*.
O sepultamento *será na terça-feira (02), a partir das 10h*, no cemitério local já com a presença de familiares que chegarão de Minas Gerais.