O cenário político de Monte Santo sofreu uma virada significativa na quinta-feira (17). Cinco vereadores que até então integravam a base da prefeita Silvania Matos (PSB) anunciaram publicamente o rompimento com o grupo governista e a adesão à oposição, provocando uma reconfiguração completa das forças na Câmara Municipal.
Do total, três vereadores são do PSD — Paulina, Carlinhos da Autopeças e William Alves — e dois do PSB — Paulinho da Formosa e Batista. O movimento começou com Paulinho da Formosa, o primeiro a se manifestar nas redes sociais, incentivando os demais a seguirem o mesmo caminho.
A decisão foi consolidada em uma reunião realizada na residência do vereador Emicleito (PDT), atual líder da oposição, que confirmou ao Calila Notícias que os cinco parlamentares tomaram a decisão após uma série de descontentamentos com a forma como vinham sendo tratados pelo grupo da prefeita.

Segundo Emicleito, a prefeita Silvania teria chamado cada um dos vereadores individualmente para convidá-los a assumir secretarias municipais, mas com a condição de renunciarem ao mandato — e não apenas se licenciarem, como normalmente ocorre. A proposta foi rejeitada por todos.
“Nenhum deles aceitou abrir mão do mandato. Eles entenderam que isso não era uma substituição administrativa, mas uma tentativa de colocar suplentes mais próximos da prefeita na Câmara”, relatou Emicleito ao Calila Notícias.
Além disso, os vereadores também se queixaram da retirada gradual de apoios por parte da prefeitura, inclusive em demandas pontuais dos mandatos, e da dificuldade de manter diálogo direto com a prefeita, o que, segundo eles, reforçou o sentimento de afastamento político e pessoal dentro da base.
Com a nova configuração, a Câmara Municipal de Monte Santo passa a contar com oito vereadores na oposição e apenas cinco na base governista, alterando completamente a correlação de forças no Legislativo.
Reação popular em defesa da prefeita
O rompimento político rapidamente ganhou repercussão nas ruas e nas redes sociais. Na noite de quinta, centenas de pessoas lotaram a Câmara de Vereadores em protesto contra a união dos cinco parlamentares para romperem com a prefeita Silvania Matos.
Os manifestantes participaram da sessão, empunhando cartazes e gritando palavras de ordem em defesa da gestão municipal.
Durante o ato, foi repetida diversas vezes a frase que viralizou nas redes sociais: “Vereador que atrapalha o progresso é inimigo da cidade.”
De acordo com moradores presentes, a população teria se indignado ao entender que os vereadores colocaram interesses políticos acima das necessidades do município, especialmente na área da saúde.
Em suas redes sociais, a prefeita Silvania explicou que o Hospital Municipal Monsenhor Berenguer não se mantém apenas com recursos próprios. Segundo ela, o hospital possui um teto MAC de R$ 650 mil, mas precisa de aproximadamente R$ 1,5 milhão por mês para funcionar plenamente — diferença que vem sendo coberta por emendas parlamentares de deputados aliados.
A gestora afirmou ainda que os parlamentares que mais têm contribuído com o município devem ser reconhecidos e apoiados, e que não se trata de disputa pessoal, mas de responsabilidade com o povo.
“Nossa prioridade é garantir que o hospital continue funcionando, que os atendimentos não parem. Quem quiser contribuir com Monte Santo será sempre bem-vindo. Mas quem colocar vaidade ou interesses eleitorais acima da saúde do povo, está se afastando do compromisso com a cidade”, declarou a prefeita em vídeo publicado em suas redes.
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Efeitos políticos e mudança de cenário
A saída dos cinco vereadores da base provocou forte impacto nos bastidores da política montessantense. A oposição, agora com maioria de oito votos, ganha poder para interferir diretamente nas votações e decisões da Câmara, podendo inclusive bloquear projetos do Executivo, instalar comissões de investigação e redefinir espaços estratégicos dentro da Casa.

Analistas locais avaliam que o episódio fragiliza o governo Silvania Matos no segundo semestre do mandato e pode abrir caminho para novas articulações políticas com foco nas eleições de 2028, uma vez que o grupo oposicionista passa a ter mais visibilidade e protagonismo nas discussões públicas do município. Além disso, a mesa diretora da Câmara, antes composta por quatro vereadores ligados à prefeita, agora conta com apenas três, já que Carlinhos da Autopeças, que ocupa o cargo de segundo secretário, passou a integrar a oposição.
Outro ponto relevante é que as principais comissões permanentes da Casa, como as de Finanças, Educação, Saúde e Obras, passaram a ter maioria quase absoluta da oposição, ampliando ainda mais o domínio político do novo bloco majoritário.