Território do sisal – A Polícia Militar da 4ª Companhia do 16º Batalhão (PMBA) prendeu no final da tarde de quinta-feira (09) o ex-detento Deivid Santos Santana, acusado de feminicídio contra a propria prima de 15 anos, em abril de 2019, e após quase 6 anos no presídio foi liberado após exames indicarem insanidade mental. Ele foi detido novamente acusado de praticar uma série de furtos e roubos no município de Conceição do Coité, sendo o último, na tarde de quinta-feira, 09.
De acordo com o relatório da PM, por volta das 17h50, o Centro Integrado de Comunicações (CICOM) informou à guarnição que uma mulher identificada como Andressa Silva Santos, moradora da comunidade Descansador, às margens da BA-411, sentido povoado Onça, pedia apoio da polícia após ter sido vítima de assalto e ameaça de morte.
Segundo o boletim, o criminoso invadiu a residência e roubou R$ 730,00 em espécie e um celular Xiaomi 60X de cor preta. A vítima ainda relatou ter sido ameaçada de morte durante a ação.
Munidos das informações repassadas pela vítima e por familiares, os policiais foram informados de que o autor do crime seria Deivid, ex-presidiário em condicional pela prática de feminicídio, e também apontado como responsável por uma sequência de assaltos e furtos registrados recentemente em Conceição do Coité.
Entre os crimes atribuídos ao suspeito, a PM cita o roubo de uma motocicleta vermelha na comunidade de Morrinhos, na noite do dia 6 de outubro, e o furto de uma motocicleta Honda CG Titan 160, ocorrido na Praça da Bíblia, área central da cidade, na mesma data.
Durante as diligências, os militares avistaram dois indivíduos em atitude suspeita e realizaram a abordagem. Um deles apresentava características semelhantes às descritas pela vítima — tratava-se de Deivid Santos Santana, acompanhado de Adilton, que também foi detido.
Com a dupla, os policiais encontraram uma faca tipo peixeira, utilizada para intimidar as vítimas durante os crimes.
Os dois homens foram conduzidos à Central de Flagrantes, na cidade de Serrinha, onde foram apresentados à autoridade competente para adoção das medidas cabíveis.
Histórico de violência
Deivid Santos Santana ficou conhecido em 2019, quando, aos 21 anos, matou a própria prima, Kauane Pereira Santana, de apenas 15 anos, com golpes de faca dentro da casa onde morava, na localidade de Barro Vermelho, região do povoado Onça, a cerca de 5 km da sede de Conceição do Coité. Ele foi preso no dia 5 de agosto de 2019. O crime foi classificado como feminicídio e causou forte comoção no município.
“Trata-se de um indivíduo de alta periculosidade, reincidente e temido pela comunidade local”, destacou o comando da 4ª Companhia em nota.
Ouça o depoimento comovente do avó de ambos, na ocasião do crime – deve ter ficado frustrado com a soltura do neto assassino
Reflexão sobre o sistema penal
O caso reacende o debate sobre a eficácia da liberdade e o risco à segurança pública representado por criminosos reincidentes soltos pela Justiça. “É revoltante ver um condenado por feminicídio, que tirou a vida de uma jovem inocente, voltar a praticar crimes. A população sente medo e indignação diante da reincidência”, afirmou um morador de Onça, ouvido pela reportagem.
Deivid e o comparsa permanecem à disposição da Justiça, e os materiais apreendidos foram apresentados na delegacia para os devidos procedimentos legais.
Defensoria Pública esclarece situação jurídica de Deivid
Após a publicação da reportagem, o Defensor Público Rafael Couto entrou em contato com o Calila Notícias para esclarecer que Deivid não foi condenado e não se encontra em liberdade condicional.
Segundo o defensor, o acusado passou por três exames de insanidade mental, sendo que o primeiro apresentou resultado contraditório, o segundo foi extraviado, e o terceiro, definitivo, atestou que ele sofre de doença mental, o que levou os psiquiatras a concluírem pela inimputabilidade.
“De acordo com os laudos médicos, Deivid é portador de transtorno mental e foi indicado para tratamento ambulatorial no CAPS. Eu pessoalmente o levei até o CAPS, no carro da Defensoria, para iniciar o acompanhamento”, informou o defensor Rafael Couto.
Ainda conforme Couto, a Justiça manteve Deivid preso por quase seis anos, até a conclusão do laudo psiquiátrico. Após o resultado, foi determinada a liberação para tratamento de saúde, com acompanhamento da Defensoria e dos profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
*Matéria atualizada às 17h24 para fazer algumas correções e a explicação do defensor público Rafael Couto sobre e liberação de Deivid
