A visita do governador Jerônimo Rodrigues (PT) aos municípios de Conceição do Coité e Riachão do Jacuípe, no último sábado, rendeu uma série de observações políticas e momentos curiosos que o Calila Notícias registrou de perto. Desde o café da manhã e assinatura da ordem de serviço para asfaltar a BA 411, ligando Juazierinho à sede de Coité, depois entregas e novas assinaturas na sede, até as ações de Governo em Riachão do Jacuípe, o dia foi cheio de bastidores, discursos, aplausos e sinais políticos.
Como já é de conhecimento dos nossos leitores, o editorial é sério, mas também flagra algumas coisas satíricas que servem para descontrair. E as pessoas que aparecerem nesta coluna, se ficarem chateadas, “não irão pro céu”.
JUAZEIRINHO

Às 07h30 da manhã, o helicóptero do governador pousou em uma fazenda em frente à casa do padre Elias Cedraz, em Juazeirinho, aliás, as duas moradas do religioso, já que o cemitério da comunidade é vizinho e ele costuma brincar dizendo que não vai dar muito trabalho para ser enterrado. Ao descer da aeronave Jerônimo foi recebido pelo religioso e sem perder tempo foi logo tomar o café preparado pelo grupo da igreja local. Lá encontrou o ex-deputado João Emílio Souza, também filho da comunidade e primo de Elias. Entre um gole de café e outro, a conversa girou em torno da política do passado e dos tempos atuais, mas como é de praxe antes de tudo teve a benção seguido com a oração do Pai Nosso e Ave Maria.

O padre Elias, durante o discurso no palanque, fez questão de registrar que o café foi um esforço coletivo do grupo da igreja, agradecendo a todos que ajudaram a alimentar não só o governador e sua comitiva, mas também um grande número de pessoas de Coité e região que apareceu para acompanhar a visita.
Ex-verador disse que foi o primeiro governador a pisar no solo de Juazeirinho

O Calila Notícias encontrou o ex-vereador Joaquim Carneiro de Oliveira Neto, 88 anos, que teve quatro mandatos consecutivos disse que está sendo um privilégio, ele lembrou que sugeriu o deputado Alex da Piatã uma audiência para tratar do asfalto que é um sonho da população e depois disso a coisa andou, foi prometido o asfalto depois de muitas manifestações e a presença do governador demonstra a certeza de que o sonho será realizado em breve. Joaquim foi vereador de 1973 a 1988 e segundo ele, no período que não havia remuneração para quem exercia o cargo. Ele aproveitou para falar de suas conquistas enquanto vereador do município, a implantação do Colégio Rio Branco. Lembrou que apoiou o deputado federal Carlos Santana que veio a se tornar ministro da Educação e tudo ficou mais fácil. Outra área que se destacou e fala com orgulho é da Saúde. Nos hospitais mais velhos de Salvador conheci todo mundo, eu ia com frequência levar pessoas para serem atendidas”, lembrou.
Jero ‘mandou um recado’ indireto e um convite para um tradicional bar do Distrito

O governador Jerônimo após deixar a residência do padre Elias, se deslocou para o largo da igreja matriz onde foi montada uma estrutura para assinatura da ordem de serviço para o asfaltamento da rodovia BA 411, trecho ligando Juazeirinho a sede do município. Mas ao desembarcar, resolvleu sair pela praça cumprimentando as pessoas e quando chegou em um bar que deve ser um dos mais badalados da comunidade, fez questão apontar, como se dissesse, aqui eu recomendo. Apesar de supor esta hipótese o CN não tem informação e conhecimento de que o chefe do executivo baiano aprecie uma cervejinha ou pinga.
A BA 411 e o recado de reeleição

Jerônimo aproveitou o encontro para falar sobre a pavimentação da BA-411, estrada que liga Juazeirinho à sede de Coité. Disse que, se tudo correr dentro da normalidade, a obra deve durar oito meses, ficando pronta no próximo ano. Antecipou, no entanto, que não fará inauguração antes das eleições, pois será candidato à reeleição. A declaração franca foi recebida com aplausos da população.
Renato de longe, Lindo no palanque

Enquanto o governador tomava café, o secretário municipal de Agricultura, Renato Souza, ex-prefeito e pai do vice-prefeito Marquinhos, permaneceu do lado de fora, no terreiro, conversando com moradores. Representava o governo municipal, mas não se aproximou do governador nem entrou na casa do padre Elias.

Já o vereador Lindo de Neuza (Solidariedade) único da base do prefeito a comparecer, sendo morador da comunidade e de um partido aliado, esteve muito à vontade. Por determinação do presidente da Câmara, Nego Jai (União Brasil), coube a ele entregar simbolicamente o título de cidadão coiteense ao governador, ato realizado posteriormente na sede do município.
Prefeito ausente após justificar viagem
Nos dias anteriores à visita do governador, o tema nas conversas políticas era se o prefeito Marcelo Araújo receberia ou não o governador. Não recebeu.
Marcelo viajou na noite anterior, logo após um evento da prefeitura, e pediu que o vice-prefeito Marquinhos de Renato para representá-lo. Questionado, Marquinhos não soube informar o destino da viagem — se dentro do Brasil ou mais uma das idas internacionais do prefeito. Nos bastidores, a ausência foi interpretada como sinal de distanciamento político. Aliás, a fidelidade de Marcelô ao grupo carlista é tão grande que há quem acredite que ele seria o responsável por apagar as luzes.
Camisa simboliza a luta pelo asfalto da BA 411

Entre o público, um grupo chamou atenção: a Comissão da Estrada da BA-411, formada por moradores que lutam há anos pela pavimentação. Com camisas personalizadas e faixas da campanha, eles receberam apoio do deputado Luciano Araújo, segundo mais votado em Coité, que também vestiu a camisa da luta.
O gesto teve peso simbólico, já que Luciano é aliado do prefeito Marcelo Araújo — crítico do governo do Estado —, enquanto o deputado mantém boa relação com Jerônimo.
Ato na sede: muita gente e poucos discursos

Vereador de Valente com pedido de nome de Avenida para homenagear grande amigo de Jerônimo
Quando o governador Jerônimo Rodrigues chegou na Praça Porcina Rosa no centro de Coité foi recepcionado por um grande número de pessoas, e um fato chamou a atenção do Calila Noticias. O vereador de Valente Ivagner Araújo com a mão erguida, como se tivesse pedindo ao governador que nomesse um logradouro em nome de Ildes Ferreira. Professor e Sociologo valentense, mas que fez história na cidade de Feira de Santana.

Ildes era irmão do ex-prefeito Ismael Ferreira e tio do vereador Ivagner. Era amigo pessoal de Jerônimo quando atuava apenas como técnico do MOC (Movimento de Organização Comunitparia) e professor da UEFS. No Governo Jaques Wagner foi criada a Secretaria de Ciência e Tecnologia (SECTI) e o chefe de gabinete era justamente Jerônimo Rodrigues. Não conseguimos localizar Ivagner para saber mais.

Com o atraso da chegada do governador ao palanque, já que encontrou uma multidão na Praça Porcina Rosa e teve que fazer entregas de tratores, pipas, carros, kits Odontológicos e UBS, ambulâncias, tanques, entre outros itens de emendas parlamentares, o cerimonial decidiu limitar a quantidade de oradores. Falaram apenas os deputados estaduais Alex da Piatã (PSD), Luciano Araújo e Osni Cardoso (PT) — licenciado e atual secretário da SDR —, Afonso Florence e Gabriel Nunes, deputados federais.
Daniel Almeida, Lídice da Mata e Zé Neto, além da suplente Elisângela Araújo não fizeram uso da palavra.
Mudanças no secretariado do Governo; quem vai para onde?

A comitiva estadual contou com presenças de peso: Afonso Florence (Casa Civil), Osni Cardoso (SDR), Neusa Cadore (Secretaria de Mulheres) e Saulo Pontes, superintendente da SIT/Seinfra. Nos bastidores, o comentário era de que Saulo deve assumir em breve a Secretaria de Infraestrutura do Estado, substituindo Sérgio Brito, que deve deixar o cargo já nesta segunda-feira, 10.
O governador, segundo fontes próximas, pediu que todos os secretários deixem suas funções até 31 de dezembro, sinalizando reorganização para 2026.
RIACHÃO DO JACUÍPE

Em Riachão do Jacuípe, o calor foi intenso, mas a presença de público surpreendeu. Jerônimo Rodrigues chegou ao local do ato por volta das 15h30 e sob forte calor percorreu o local onde veículos e equipamentos ficaram expostos para serem entregues e em seguida, já no palco assinou ordens de serviço que somam quase R$ 200 milhões em investimentos do Governo do Estado. Os recursos serão aplicados em obras de infraestrutura, abastecimento, agricultura e educação. Prefeitos, deputados e secretários acompanharam o ato, encerrando a agenda do sábado.
Gesto de respeito e bom acolhimento, mas nenhum político do União Brasil ou partido aliado prometeu apoio a reeleição de Jero

Em outros municípios, prefeitos filiados só união Brasil declararam apoio à reeleição de Jerônimo após sua passagem entregando obras e assinando ordens de serviços para outras. Em Coité e Riachão, o assunto foi tratado com silêncio e cautela. Em Coité Marcelo Araújo manteve distância, e Marquinhos não tocou no tema. Já o prefeito de Riachão, Carlos Matos, afirmou que continuará parceiro do governo estadual “pelo bem do município”, sem sinalizar qualquer possibilidade de aliança.
Dois títulos, duas histórias

Jerônimo encerrou o roteiro recebendo dois títulos de cidadão. Em Coité, o título foi proposto pelo então vereador Betão (PSB), aprovado por unanimidade em 2021 quando ainda era filiado ao PT.
Em Riachão, a homenagem partiu do vereador Marquinhos, conhecido como Marquinho Leão — que, curiosamente, não apoiou Jerônimo nas eleições de 2022. Duas homenagens, dois contextos, um mesmo gesto de aproximação política.
Alex da Piatã: “O governador tem um grande poder de união

O deputado Alex da Piatã (PSD), que acompanhou o governador nas duas cidades, avaliou a visita como um retrato da capacidade de Jerônimo em unir forças políticas diferentes. “Em Coité, todas as forças políticas estavam no mesmo palanque, e em Riachão, à tarde, também. O governador mostrou que tem habilidade de juntar grupo e conduzir com diálogo”, afirmou o parlamentar.
Grande público marcou presença, mas ato termina sempre reduzido. Cansaço bate!

Tanto em Conceição do Coité quanto em Riachão do Jacuípe, os eventos começaram com um público expressivo. As praças estavam cheias, com presença de lideranças, movimentos e moradores. Mas, à medida que o tempo passava, a demora nos discursos e a movimentação prolongada juntando ao calor, cansaram parte do público. Pior para o último orador, o governador que geralmente faz discurso em média com uma hora de duração.



