A Igreja da Paróquia de São Roque, localizada no bairro da Jaqueira, em Conceição do Coité, foi inaugurada oficialmente no fim da tarde deste domingo, dia 21, em uma solenidade marcada por fé, emoção e profundo simbolismo religioso. O ato teve início às 17h e seguiu todo o cerimonial litúrgico próprio para a dedicação e inauguração de um templo católico.
O rito de abertura do templo

Como determina o rito, a celebração começou do lado externo da igreja, com os fiéis reunidos em frente à porta principal ainda fechada, simbolizando o povo de Deus que aguarda para adentrar a nova Casa de oração. Esse momento representa a apresentação oficial do templo à Igreja e à comunidade.
A explicação do projeto arquitetônico

Antes da abertura solene da porta, a arquiteta Julieta Figueiredo, responsável pelo projeto, fez uma explicação sobre a concepção arquitetônica da igreja. Segundo ela, o templo foi idealizado a partir de uma inspiração profundamente cristã, tendo a parte inferior em formato de cruz, símbolo central da fé cristã e do sacrifício de Jesus Cristo.

As portas e janelas foram projetadas voltadas para o alto, apontando para o céu, representando a elevação espiritual, a esperança e a ligação do homem com Deus. Julieta explicou ainda que a igreja segue o estilo arquitetônico barroco, marcado pela riqueza de detalhes, beleza estética e forte simbolismo religioso. Ao final da fala, ela realizou a entrega simbólica da chave da igreja ao bispo emérito Dom Otorino Assolari, dando sequência ao rito solene.

A abertura da porta e a bênção do espaço sagrado
Na sequência, Dom Otorino Assolari realizou a abertura solene da porta principal da igreja, permitindo a entrada dos fiéis no templo, gesto que simboliza Cristo como a porta da salvação e a Igreja que se abre para acolher o seu povo.

Já no interior da Igreja Matriz, o bispo percorreu os quatro cantos do templo, aspergindo água benta nas paredes e no espaço sagrado. Esse gesto faz parte do rito de dedicação e simboliza a purificação, a bênção e a consagração do local como Casa de Deus, recordando o batismo e destinando o templo à oração e à celebração dos sacramentos.

Ainda durante o rito interno, foi realizado o último momento da dedicação do templo, com a inauguração do sacrário, gesto que simboliza a presença permanente de Jesus Cristo na Eucaristia. Com esse ato, a Igreja Matriz foi oficialmente destinada não apenas às celebrações, mas também à adoração e à vida sacramental da comunidade.
Após esses ritos, teve início a celebração litúrgica, marcando oficialmente a entrega do templo à comunidade católica. A solenidade contou com a presença de Dom Hélio Pereira, atual bispo da Diocese de Serrinha, e de Dom Otorino Assolari, primeiro bispo da Diocese de Serrinha, criada há cerca de 20 anos, cabendo a este último a condução dos principais atos do cerimonial.

A obra completa da Igreja Matriz da Paróquia de São Roque teve um investimento aproximado de R$ 1.400.000, resultado do esforço coletivo da comunidade ao longo de todo o processo de construção.
O início da comunidade – a lembrança de Adauto Mota
O fiel Adauto Mota, que acompanhou de perto todo o processo de implantação da paróquia e a construção do templo, falou ao Calila Notícias. Ele relembrou que, quando o trabalho pastoral começou no bairro da Jaqueira, não existia uma comunidade organizada no local.

Segundo ele, tudo teve início a partir do projeto Minha Família Feliz, iniciativa que ajudou a formar a comunidade e despertou o sentimento de pertença entre os moradores. A partir desse processo, surgiu a ideia da criação da paróquia e, posteriormente, da construção da Igreja, um caminho que levou cerca de dois anos e meio até chegar ao momento da inauguração.
Cobertura jornalística
As informações desta matéria foram levantadas a partir de entrevistas concedidas ao Calila Notícias que não pôde acompanhar a celebração, principalmente com imagens da parte interna da igreja, uma vez que essa cobertura foi realizada de forma exclusiva pela Pastoral da Comunicação da Paróquia (PASCOM) e o padre Ricardo avisou que não era possivel a cobertura, já que a equipe responsável pela transmissão havia instalado câmeras em vários pontos do interior a igreja. Ele informou que o CN podia utilizar posteriormente as imagens da PASCOM.

O fotógrafo Raimundo Mascarenhas prontamente atendeu a recomendação e lamentou não ter mais este importante registro em seus arquivos, assim como guarda imagens da Beatificação de Irmã Dulce e também a primeira Missa no Brasil após a freira baiana se tornar santa. Ele guarda também imagens da criação da Diocese de Serrinha, em 18 de dezembro de 2005.
O repórter Valdemi de Assis permaneceu na solenidade até o final com o objetivo de colher depoimentos dos padres que fizeram parte da história da Paróquia de São Roque.
A escolha do padroeiro – padre Everaldo Jorge dos Santos

Atualmente dirigindo a Paróquia do município de Biritinga, o padre Everaldo Jorge dos Santos relembrou que a devoção a São Roque já existia antes mesmo da criação da paróquia. Segundo ele, quando chegou à localidade, há cerca de dez anos, ainda não se imaginava que a área se tornaria paróquia, mas já se pensava que, se isso acontecesse, São Roque seria o padroeiro.
A confirmação desse caminho ocorreu durante a visita do bispo Dom Otorino Assolari, quando foi celebrada uma missa na associação local, dando início aos estudos para a criação da Paróquia de São Roque.
Os primeiros passos da paróquia – padre Roque de Oliveira
Primeiro pároco da Paróquia de São Roque após a sua criação, atualmente está na Paróquia Senhora Santana, em Serrinha, o padre Roque de Oliveira relembrou os primeiros passos da caminhada pastoral no bairro da Jaqueira. Segundo ele, no início, as celebrações aconteciam em um salão de associação comunitária, enquanto a estrutura da igreja ainda estava sendo construída.
O sacerdote destacou o desafio de iniciar o trabalho pastoral sem a sede definitiva do templo e ressaltou a importância da continuidade do trabalho para a consolidação da paróquia.
A paróquia hoje e o sentido espiritual do templo – padre Ricardo Bezerra
Atual pároco da Paróquia de São Roque, o padre Ricardo Bezerra, pernambucano, e à frente da paróquia há cerca de cinco anos, explicou que um dos maiores desafios enfrentados foi o processo de reorganização pastoral do território, após a divisão da antiga Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, que deu origem às paróquias da Imaculada Conceição (sede), Salgadália (São José Operário) e São Roque.
Segundo ele, foi necessário criar espaços de acolhimento e conquistar a confiança da população para consolidar a nova paróquia, que hoje abrange cerca de 40 comunidades, com aproximadamente 30 mil pessoas, todas assistidas regularmente com celebrações e ações pastorais.
Santa Dulce dos Pobres e São Roque: dois símbolos da caridade
Ao encerrar a entrevista, padre Ricardo Bezerra explicou com mais detalhes o significado da presença da imagem de Santa Dulce dos Pobres no altar principal da nova Igreja, ao lado da imagem de São Roque. Segundo ele, a escolha une dois grandes testemunhos da caridade cristã vivida no silêncio.

“São Roque abandonou tudo para cuidar dos doentes e dos pobres. Santa Dulce fez o mesmo em nosso tempo, entregando toda a sua vida aos mais necessitados. São dois exemplos de amor concreto, de doação e de serviço”, explicou.
Para o religioso, os traços brancos da imagem de Santa Dulce simbolizam a pureza, o cuidado, o zelo e a bondade, valores que a paróquia busca viver no dia a dia. “Colocar Santa Dulce ao lado de São Roque é afirmar que esta igreja nasce com a missão da caridade, do acolhimento e do compromisso com os mais pobres”, concluiu.
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