Falar de Nenezinho de Valente é falar de uma trajetória construída com trabalho árduo, visão de futuro e profundo amor pela terra. Sua história se confunde com a própria história de Valente, do sertão e do semiárido, regiões pelas quais sempre teve compromisso verdadeiro com o desenvolvimento, a cultura e a dignidade do povo. A cidade de Valente onde ele foi pioneiro em quase tudo, amanheceu de luto neste sábado, 13.

Homem do campo, grande fazendeiro e liderança respeitada, Nenezinho sempre valorizou os animais e a produção rural como base da identidade sertaneja. Defendia e incentivava raças que simbolizam a força do interior, como Dorper, Santa Inês, Anglo-Nubiano, além das cabras de raça, do gado e do jumento da raça Pêga, elementos diretamente ligados à cultura da vaquejada e à economia regional.
Durante as homenagens, o artista da área da vaquejada Zezinho Aboiador destacou a importância de Nenezinho para esse universo, lembrando sua ligação com o campo, com os criadores e com a tradição sertaneja. Segundo ele, Nenezinho representava a alma da cidade e da região, sendo referência humana e cultural – OUCA
Outro aspecto marcante de sua trajetória foi a defesa da energia como vetor essencial para o desenvolvimento do interior. Para Nenezinho, levar energia ao campo significava garantir progresso, geração de renda, fortalecimento da agropecuária e melhores condições de vida para as famílias do semiárido.
Essa visão ultrapassou as fronteiras da Bahia. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, registrou reconhecimento a Nenezinho no prefácio de um livro de sua autoria, destacando sua liderança, sua visão estratégica e sua contribuição ao debate sobre desenvolvimento regional sustentável. Foi o segundo livro, lançado, justamente no dia que ele completou 100 anos (21/04/2025).

O primeiro livro lançado nos anos 2007-2008 teve a cobertura do Calila no extinto Hotel Espanhol em Salvador, e ele também passou a ser colunista do Calila trazendo semanalmente as histórias contadas.

Entre as obras deixadas por suas gestões, algumas se tornaram marcos urbanos e sociais de Valente, como a Praça da Seresta e as coberturas e organização do Centro de Abastecimento, na área da Praça do Forródromo, que trouxeram mais dignidade, organização e fortalecimento da vida econômica e social do município.

Após vencer sua primeira eleição para prefeito, Nenezinho buscou ampliar ainda mais sua visão administrativa. Ao lado do filho, então deputado federal Aroldo Cedraz, percorreu alguns países com o objetivo de conhecer experiências e modelos que pudessem inspirar melhorias para Valente. Para ele, conhecer o mundo era uma forma de pensar ainda melhor a sua terra, que considerava, com orgulho, o melhor lugar do mundo.
Nenezinho deixa um legado que permanece vivo na memória de Valente, da região sisaleira e de muitos amigos espalhados pelo Brasil. Um legado feito de trabalho, visão, amor ao sertão e compromisso com o futuro.




