Território Bacia do Jacuípe – As chuvas que vêm sendo registradas na região do Sisal e Bacia do Jacuípe reacenderam a esperança de comunidades ribeirinhas, mas também trouxeram ansiedade para moradores que aguardam a retomada do fluxo natural do rio. No distrito de Barreiros, em Riachão do Jacuípe, o comerciante Eufrásio Silva de Santana viveu horas de intensa expectativa — e frustração — enquanto monitorava a possível chegada das águas durante a noite de sexta-feira e manhã deste sábado, 22.
Santana, conhecido na comunidade no comercio de mercadinho, não escondeu a ansiedade por não ver às águas do rio chegarem a Barreiros, quando publicou por volta das 08h um vídeo mostrando o leito com alguns pontos de água empossada. Visivelmente preocupado, disse não compreender por que o volume d’água observado em outras localidades ainda não havia alcançado a comunidade.

Segundo relatou à reportagem do Calila Notícias, Santana recebeu informações de que, ainda na tarde anterior, a correnteza já havia passado por Santo Antônio, no município de São Domingos. Com isso, acreditou que as águas chegariam em Barreiros ao início da noite.
“Comecei a olhar de perto e depois fiquei acompanhando com meu amigo Zezé de Daniel até umas oito da noite. A chuva apertou, fomos pra casa. Uma hora depois voltamos pro rio e ficamos até umas dez horas, esperando a água chegar — e nada.”, relatou.
A ansiedade tomou conta. Santana confessou que mal conseguiu dormir. Ao amanhecer, retornou ao rio e confirmou que o cenário continuava o mesmo: terra rachada, silêncio e nenhuma lâmina d’água descendo o vale. “Passou de nove horas quando perdi a paciência. Aí eu, Bruno Reis e o filho dele, Breno, junto com Marcelo e Douglas, resolvemos andar pelo leito do rio pra ver se encontrava a água.”, explicou.

O grupo caminhou cerca de dois quilômetros até a localidade conhecida como Poço de Zeca, onde, enfim, encontraram a primeira cabeceira da água avançando lentamente. O encontro trouxe alívio e os amigos não perderam a chance de fazer o registro da correnteza de água nova empurrando a vegetação.
O que ocorre com a demora da chegada dá correnteza
A morosidade no deslocamento das águas ocorre por diversos fatores: trechos muito assoreados, alta absorção do solo após meses de seca, e barramentos naturais ao longo do percurso, bem como barragens construída para perenizar o rio (armazenamento).

O percurso do Rio Jacuípe — da nascente até o mar
O Rio Jacuípe é um dos mais importantes cursos d’água do centro-norte baiano. Ele nasce na região serrana entre Morro do Chapéu e Miguel Calmon alimentado por pequenas veredas e olhos d’água. A partir daí, segue rumo ao norte e nordeste, atravessando ou influenciando áreas dos municípios de: Serra Preta, Riachão do Jacuípe, Pé de Serra, Capim Grosso, São Domingos, Gavião, Conceição do Coité (por afluentes), Candeal, Ichu (por bacias adjacentes) Feira de Santana (por contribuição de sub-bacias).

Depois de cruzar extensas áreas do berço do Sertão Baiano, o Jacuípe ganha volume ao se aproximar do litoral. Seu trecho final ocorre no território metropolitano, onde o rio passa por: Simões Filho e Camaçari. Finalmente, o Rio Jacuípe desagua no Oceano Atlântico, em uma região entre Camaçari na localidade de Barra do Jacuípe e Simões Filho, contribuindo para áreas de manguezal e ambientes costeiros.
Assim, o percurso do rio conecta o semiárido ao litoral, atravessando zonas de caatinga, áreas de transição e faixa litorânea — um caminho marcado por barramentos, longos trechos secos e momentos de forte cheia, como o que volta a mobilizar as comunidades ribeirinhas neste início de estação chuvosa.
Veja em vídeo o passo a passo da ansiedade a alegria do registrado da chegada das águas.
Ver essa foto no Instagram




