A Prefeitura de Conceição do Coité iria inaugurar na noite desta quinta-feira (23) o novo Calçadão situado na Rua João Lopes do Carmo, mas, devido à previsão de chuva, o prefeito Marcelo Araújo optou por adiar a cerimônia para uma nova data a ser anunciada. Apesar do adiamento, o espaço já desperta curiosidade — especialmente por carregar o nome de um personagem marcante da história local: Joaquim Silva, português considerado um dos pioneiros do comércio em Coité.
A escolha do nome traz um significado especial para José Alberto Pinto da Silva, o popular Beco, neto do homenageado. Em julho de 2017, há pouco mais de oito anos, ele lamentava que o avô jamais tivesse sido lembrado pelo município, apesar de sua contribuição decisiva para o desenvolvimento urbano e econômico da cidade. Agora, a homenagem concretiza um reconhecimento há muito esperado pela família.

Documentos preservados por Beco comprovam que, em 3 de novembro de 1905, Joaquim Silva desembarcou na Bahia, vindo de Lisboa, com apenas 16 anos. Em Salvador, trabalhou, adquiriu imóveis e se casou com Judite Araújo Silva, com quem teve um único filho, Joaquim de Araújo Silva.

Nos anos 1930, atendendo a um convite do coiteense Antônio Egídio, Joaquim viajou de trem até Salgadália para conhecer Conceição do Coité, recém-emancipada em 1933. Encantado com o potencial da região, vendeu suas propriedades na capital e decidiu investir tudo na jovem cidade.
Naquela época, Coité ainda não possuía ruas definidas. Joaquim construiu dois imóveis que ajudaram a delinear as atuais ruas Rui Barbosa e João Benevides, além da Travessa Oito de Dezembro. Visionário, também inaugurou um bar de modelo europeu na esquina da João Benevides com a Marechal Deodoro — ponto que hoje corresponde à esquina do semáforo central, no coração da cidade.
Mais de um século após sua chegada ao Brasil, o nome de Joaquim Silva agora se eterniza em um dos espaços mais movimentados de Conceição do Coité. Para o neto, a homenagem representa “a correção de uma injustiça histórica” e um gesto de gratidão a um homem que acreditou no potencial da terra onde escolheu viver.
“Meu avô ajudou a construir os primeiros caminhos de Coité. Ver o nome dele agora reconhecido é uma emoção que não tem preço”, disse Beco.
Veja a reportagem em vídeo também publicado em 2017 onde Beco traz mais informações sobre o avô
Sobre a obra
Segundo matéria no site oficial da Prefeitura, o espaço foi idealizado como um calçadão municipal com quiosques, integrando infraestrutura moderna, áreas de convivência e mobiliário urbano. O espaço conta com pavimentação em piso miracema, sistema de drenagem pluvial para o escoamento adequado das águas das chuvas, iluminação pública eficiente e bancos em concreto distribuídos ao longo da área. Acessibilidade, com piso nivelado e rampas que garantem o acesso de pessoas com mobilidade reduzida. Além disso, áreas verdes foram integradas às circulações, promovendo um ambiente mais agradável e acolhedor para quem transita pelo local.

A obra também recebeu infraestrutura elétrica e hidráulica completa, atendendo tanto às necessidades do espaço público quanto dos empreendedores que irão atuar na área.
Foram construídos quatro quiosques padronizados, cada um dividido em dois módulos independentes, totalizando oito espaços comerciais. Cada módulo conta com ponto de água, energia elétrica e esgoto, garantindo estrutura adequada para a instalação dos comércios.

Com todos os espaços já preenchidos, o Calçadão Comercial Joaquim Silva se consolida como um novo polo de desenvolvimento para o município, estimulando o empreendedorismo e oferecendo um ambiente mais organizado e convidativo para o comércio e para os visitantes.
José Alberto Pinto da Silva, neto do homenageado, decidiu perpetuar o legado do avô dando ao filho mais novo o mesmo nome: Joaquim Silva. “No Brasil Colônia, seria talvez Joaquim III — ou até Joaquim IV, se meu pai, Quimquim, também tivesse registrado com o mesmo nome”, brinca Beco, fazendo alusão à tradição das famílias portuguesas de preservar o nome dos antepassados como forma de manter viva a linhagem e a história.
Redação CN



